sexta-feira, setembro 15

Rogério Ceni e o meu presente

O Rogério Ceni tomou atitudes inusitadas ontem, no Morumbi, depois da derrota que sacramentou o tri-vice campeonato do São Paulo na temporada. Inusitadas para não falar anti-desportiva e desrespeitosa.
Primeiro, o fato: o empate de 2x2 contra o Boca Juniors garantiu o título da Recopa aos argentinos, que ganharam o primeiro jogo, em Buenos Aires, por 2x1. Os hermanos venceram na bola e empataram na bola, não no apito. Sendo assim, nada explica a atitude do goleiro, que logo após ter recebido a medalha de prata tirou-a abruptamente do pescoço, como se ela nada representasse. Será que se o São Paulo tivesse ganho o primeiro jogo e empatado o segundo, ambos na bola, como fez o Boca, ele teria feito o mesmo?
Esta foi a atitude anti-desportiva. A pior, a desrespeitosa, veio em seguida: Rogério chegou perto do fosso que separa a arquibancada do campo e atirou a medalha pra torcida são-paulina. Presumi-se pela primeira atitude que o prêmio pela segunda colocação não vale nada pro goleiro, não representa coisa alguma. "Toma aí, torcedor são-paulino! Fique com este objeto que pra mim não vela nada, por isso me desfaço dele. Pra vocês pode representar alguma coisa".
Atitudes Rogério Cenísticas à parte, a derrota do São Paulo foi um presente de aniversário que o Boca me deu!

quinta-feira, setembro 14

Em busca da agulha negra

Quando os presidentes dos Estado pobres são fruto da maioria absoluta da população do país que governam, os desfavorecidos vislumbram uma agulha de esperança em meio ao palheiro de desigualdade.
Na Bolívia, nação de maioria indígena, o presidente indígena vem sacudindo a política externa sul-americana e causando calafrios à boa parte da mídia brasileira. Com isso, um projeto repugnado pelo sistema vem sendo moldado e o talvez mais pobre país do cone sul começa a enxergar uma luz no fim do túnel.
No Brasil, um presidente que não provêm da massa miserável foi o governante por oito anos consecutivos. Estudado, intelectualizado, "estadista", foi ele a agulha? Sei que a desestatização foi grande.
Em 2002, um presidente com a cara dos milhões tomou posse e frustrou boa parte dos eleitores. Não é estudado nem intelectualizado, assim como a imensa maioria. À vista da classe média, pouco fez. À massa, ele é a agulha, pois trouxe a solução de curto prazo.

quarta-feira, setembro 13

WTC e PCC

Não sei se é pecado. Acho que não. Mas também se for, bulhufas. O fato é que determinados acontecimentos da história recente - a queda do World Trade Center em Nova York e o dia dos caos em São Paulo, pra ser mais preciso - me deixam excitados.
As imagens dos aviões se chocando contra as torres gêmeas prendem a minha atenção, me deixam tenso. Fico intrigado. Acho que excitado é a melhor palavra. Não, eu não odeio os americanos a ponto de legitimar a ação do Bin Laden. Afinal, a conta pela política expansionista, imperialista e terrorista adotada pelo Walker Bush não pode ser paga pelos civis americanos, embora muitos deles a apoiem. Assim como os centenas de civis afegãos, iraquianos e palestinos não poderiam ter pago pela atuação dos fundamentalistas de seus países. É claro que as justificativas oficiais tanto para terrorismo de Estado praticado por um quanto para o terrorismo tradicional executado pelo outro são falsas. A minha visão sobre as verdadeiras razões dos conflitos entre ocidente e oriente estão mais ou menos explicadas aqui.
Lembro que na época do 11 de setembro de 2001 surgiu a hipótese de que os ataques teriam sido encomendados pelo próprio Bush, pois assim ele teria legitimidade para comandar as invasões no Oriente Médio. É óbvio que a insanidade do cowboy não chegaria a tanto, mas os ataques às torres legitimaram, pelo menos para a maioria do povo americano, não pra mim nem pra você, a mortandade no Afeganistão.
Dia 29 de setembro estréia nos cinemas brasileiros o filme "As Torres Gêmeas", de Oliver Stone. Pelo que podemos ver no trailler, vai ser mais uma daquelas babações americanas que exaltam o patriotismo e os "heróis" mortos, como se as vidas das quase quatro mil vítimas do Bin Laden valessem mais do que as das milhares de vítimas diárias do Bush no Oriente Médio.
No Brasil, o dia em que o PCC deixou em pânico boa parte dos dez milhões de habitantes de São Paulo também me excitou. Novamente, não sei explicar ao certo o por quê.
Acho que a explicação mais próxima para a minha agitação em relação aos dois casos seja, talvez, a confusão que tudo isso causa na cabeça das pessoas, os questinamentos, o medo, a expectativa por uma nova ação, a mudança na rotina, a insegurança...
Foram dias diferentes, pena que trágicos.

quinta-feira, setembro 7

Um dia na Europa. No Brasil

Dizem que Campos do Jordão é a "Suiça Brasileira", "a mais européia das cidades paulistas" - bordões que, inclusive, eu já usei em algumas matérias. Quando estive pela primeira vez, em maio restrasado, achei tudo muito bacana, tudo muito legal. Agora, a trabalho, mudei um pouco de opinião.
Eu não sei porque toda essa influência européia na cidade. Quer dizer, fiquei sabendo agora: o motorista me disse que é por causa do clima, da localização em meio às montanhas. Deve ser. Mas daí à cidade não criar uma identidade própria e adotar um aspecto europeu, eu já não acho muito legal. Isso a torna artificial. Será que existe no Velho Continente uma cidade que se propõe a ser sul-americana?
Campos do Jordão parece uma cidade montada, como se fosse um brinquedo, daqueles que você tira da caixa, lê as instruções no papelzinho que vem junto e começa a montar. A imposição de tornar européia a arquitetura do município faz com que algumas casas e portais pareçam de plástico.
Por outro lado, Campos tem aspectos bem interessantes: organização, limpeza, bons hotéis e restaurantes. A harmonia com a natureza também é bem bacana. De acordo com o guia, é proibido desmatar para construir. Os imóveis só podem ser erguidos nas partes "peladas" dos morros. Até onde isso é respeitado, eu já não sei.