terça-feira, novembro 28

Max e o Sepultura

Passei boa parte do tempo vendo alguns videos da banda que foi minha favorita dos 13 aos 19 anos, mais ou menos. E ainda hoje, com 24, eu me arrepio e me sinto bem vendo o Sepultura de antigamente, da época do Chaos A.D., 1994, quando os urros do Max fluíam com facilidade e a energia da banda estava a mil, no auge. Pena que na adolescência as letras desse album não me influenciavam, assim como pouca coisa na época. Pô, as músicas do Chaos A.D. são atualíssimas, peguemos alguns trechos que me vêm à cabeça:

Territory:

"Choice control behind propaganda
Poor information TO MENAGE YOU ANGER
War for territory, war for territory"


Propaganda:

"You think you have the right to put me down
Propaganda hides your scum
Face to face you don't have a word to say
You got my way, now you have to pay
DON'T, DON'T BELIEVE WHAT YOU SEE
DON'T, DON'T BELIEVE WHAT YOU READ"


Refuse Resist:

"Chaos A.D, tanks on the streets
confronting police, bleedding the pleebs
RAGING CROWD, BURNING CARS
BLODSHEED STARTS, WHO'LL BE ALIVE?
Refuse/Resist"



Depois do Chaos A.D. veio o Roots, em 1995, e o Sepultura continuava arregaçando no palco. Pra gravarem o Roots, os caras passaram vários dias convivendo diretamente com a tribo Xavantes, no Mato Grosso do Sul, de onde trouxeram várias influências que foram utilizadas na músicas do album. Usaram berimbau, mostraram a Bahia nos clipes, rodas de capoeira, coisas bem Roots, bem brasileiras. O resultado dessa mistura toda foi o sucesso mundial destruidor por conta de músicas como Roots Bloody Roots, que o Moby tocou no show dele em São Paulo. Veja o que o contato com a raiz fez:

Roots Bloody Roots:

"I believe in our fate, WE DON'T NEED TO FAKE
It's all we wanna be, watch me freeeeeak
I SAY, WE'RE GROWING EVERY DAY
STRONGER IN EVERY WAY
I'll take you to a place, where we shall find our
ROOTS"

Attitude:

"WHAT WERE YOU THINKING? WHAT A WONDERFUL WORLD?
YOU'RE FULL OF SHIT
Leave it behind, they don't care if you cry, all is left is pain
Can you take it?"


Hoje, o Max tá mandando ver toda a criatividade dele no Soulfly, que eu não sou muito fã, ou um fâ em potencial, talvez. O Sepultura vai definhando a cada dia, infelizmente. Como fazem falta, juntos, Max, Igor, Andreas e Paulo. Será que conseguiremos vê-los juntos novamente? Eu estarei lá!

terça-feira, novembro 21

Brasil vs China

Comparações entre os crescimentos econômicos de Brasil e China são comuns nas discussões de ultimamente. Elas foram usadas, inclusive, na recente campanha à presidência da república por um dos candidatos levados ao segundo turno.
Dizem alguns que, enquanto países como China e India crescem 10% ao ano, o Brasil cresce míseros 2%, quiçá 3%. O que essas pessoas se esquecem, no entanto, é que o crescimento das nações asiáticas se dá às custas da devastação do meio ambiente, dos elevadíssimos índices de poluição e do pagamento de salários de m. para trabalhadores que atuam até 14 horas por dia e têm poucos ou nenhum direito trabalhista. Logo, fica a pergunta: será que vale a pena crescer desta concentrada e elitista maneira?
Andando pelo blog do escriba Jorge, me linquei a uma matéria da BBC Brasil que fala do lançamento do livro "O Brasil visto por dentro", escrito pelo indiano Vinod Thomas, diretor do Banco Mundial. Na obra, Thomas diz que "se a China continuar crescendo 10% ao ano, só dentro de dez anos vai alcançar o Brasil (em PIB per capita)”.

Outro trecho:

"Segundo Thomas, o Brasil não precisa olhar para a Índia ou para a China como exemplos para o crescimento, porque pode procurar os exemplos internamente.

'Apesar do crescimento global de 2% a 3%, há Estados no Brasil que têm crescido como a China ou a Índia. Um ponto muito interessante para mim é que os Estados mais pobres têm crescido muito mais do que os mais ricos. No Brasil, quem cresce a 5%, 6%, 7% ou 8% são os Estados do Nordeste. Há clima de investimento e políticas dos governadores que apóiam o investimento do setor privado.'

'Na China e na Índia, os Estados que têm crescido mais são os mais ricos. No Brasil, o crescimento dos Estados do nordeste representa uma distribuição da riqueza.'


Para Thomas, isso representa uma vantagem do Brasil em relação às duas potências asiáticas já que a concentração do crescimento pode gerar tensões que ameacem a sustentabilidade do ritmo de desenvolvimento da economia".

quinta-feira, novembro 9

As derrotas de Bush

A mesma ocupação do Iraque que garantiu a reeleição do Bush em 2004 foi a responsável pela derrota do partido dele nas disputas pelo senado e pela câmara americanos. A expectativa, agora, é que a conduta dos políticos daquele país em relação à "guerra" seja mais, digamos, moderada. Se isso realmente vai acontecer, só os próximos meses irão dizer.
Interessantes são algumas declarações dadas pelo Walker na coletiva que sucedeu a derrota. Na primeira, ele praticamente admite o fracasso ocorrido na terra do futuro finado, Saddam Hussein. Nas outras duas, ele mostra o quão falso hijo de puta consegue ser.

"Reconheço que muitos americanos votaram na noite passada para registrar seu descontentamento com a falta de progresso lá (Iraque). Porém, eu também acredito que a maioria dos americanos dos dois partidos políticos entende que não podemos aceitar a DERROTA".

"A eleição mudou muitas coisas em Whasington, mas não mudou minha responsabilidade fundamental, que é a de proteger o povo americano de um ataque". Pode?

"Eu gostaria que nossos soldados voltassem para casa, mas quero que eles voltem com uma vitória".

quarta-feira, novembro 8

Emir Sader

Acabo de conhecer o blog de um cara que, confesso, tinha poucas ou nenhuma referência. Que vergonha. Esse cara é o Emir Sader, cientista social, professor e colunista da agência de notícias Carta Maior, que recentemente ganhou destaque na mídia pela condenação que recebeu em função de um processo movido pelo senador Jorge Bornhausen, do PFL.
Em agosto, contando com uma eventual vitória de Alckmin nas eleições, Bornhausen disse que estaria livre dessa "raça" pelos próximos 30 anos - a tal "raça" seria o PT. Em artigo publicado na Carta Maior, Sador chamou o senador de racista. Daí o motivo do processo, que resultou na condenação do sociólogo à perda de seu cargo de professor na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e a um ano de detenção, em regime aberto, conversível à prestação de serviços à comunidade. Um abaixo-assinado em solidariedade a Emir foi criado e já conta com mais de dez mil nomes, incluindo gente como Chico Buarque e Oscar Niemeyer. Se você quiser assinar, clique aqui.
No blog, o esquerdista Sader faz uma série de análises que nos ajudam a driblar o discurso predominante da grande mídia. Ah, os blogs! São eles que nos salvam. Vale muito a pena conferir.


segunda-feira, novembro 6

Ensinamento das escolas do futuro

Se ainda houver humanidade daqui a uns 120 anos, as escolas poderão ensinar aos alunos que pelo Brasil passaram três modelos de escravidão, aqui chamadas de Pré-Arcaica, Arcaica e Moderna.
A Escravidão Pré-Arcaica, dirão, começou a ser vivida nos anos que sucederam a ocupação branca do país, em 1.500. Foi uma época que, numa cruel sede colonizadora, os europeus chegaram à América trazendo consigo a pólvora, e com ela o quase extermínio dos humanos aqui encontrados.

- Mas professora - poderá peguntar um aluno - quando teve início o primeiro tipo de escravidão?
- Teve início quando os brancos resolveram escravizar os nativos, que não aguentavam a escravidão por muito tempo e morriam pelo desgaste físico, pelas doenças trazidas pelos colonizadores e por tristeza. Eram chamados de preguiçosos pelos escravizadores...

Tendo em vista que os escravos pré-arcaicos não vinham correspondendo às expectativas, os brancos começaram a pensar em outras possibilidades. A melhor delas foi excursionar à Africa e arrancar os negros que lá viviam para fazê-los trabalhar à força no Novo Mundo. Tem início a Escravidão Arcaica.

- No século 19 - dirá a professora - uma princesa chamada Isabel determinou o fim da Escravidão Arcaica. Os negros estavam livres novamente. Mas imaginem vocês, aluninhos, que eles estavam sem terras para plantar, sem casa para morar e aculturados. A solução encontrada por muitos foi voltar à subserviência dos senhores.

Eis que em meados do século 20 tem início a Escravidão Moderna.

- A Escravidão Moderna foi abolida há pouco mais de trinta anos, vocês ainda nem tinham nascido. Nela, o escravo deixa de não ganhar nada pelo trabalho realizado e passa a ser recompensado financeiramente.
- Mas professora, se eles recebiam pelo trabalho, por que eram escravos?
- Porque, assim como nos dois momentos anteriores de escravidão, os escravos modernos trabalhavam demais. Recebiam de menos, pouco, muito menos que o justo. Os negros arcaicos não ganhavam nada e moravam em senzalas, enquanto os senhores ganhavam muito e moravam nas casas-grande. O escravo moderno ganhava pouco e morava nos morros e nas periferias, enquanto os patrões ganhavam 100, 200, 300, 1.000 vezes mais e se esbaldavam nas mansões e prédios de luxo.

A professora prosseguirá:

- Aquilo que a sociedade do passado chamava de classe média, uma parcela da população que não era nem rica nem pobre, era como os capatazes do período arcaico. Os capatazes não eram escravos nem senhores, mas odiavam os escravos e cultuavam os senhores.

quarta-feira, novembro 1

O tom do verão

Findadas as eleições, a bola da vez estão sendo as acusações de que o governo, seguidamente, viria tentando intimidar o trabalho da imprensa. Há dois dias, militantes do PT teriam hostilizado e agredido com bandeirinhas alguns jornalistas que estavam trabalhando na frente do Palácio da Alvorada. Ontem, em sua coluna na Folha, Renata Lo Prete escreveu que o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, teria dito que a imprensa deveria "pedir desculpas" pela cobertura feita ao longo das eleições.
Também recentemente, um delegado da Polícia Federal, durante depoimento de cinco repórteres da revista Veja à instituição, teria dado qualidade de suspeito aos jornalistas, que estavam ali na condição de testemunhas. A oposição tratou a suposta intimidação como um "risco à liberdade de imprensa". A OAB "condenou" o suposto acontecimento.
A violência, pra mim, tem que ser condenada sempre, e os militantes do PT erraram feio se realmente agrediram os jornalistas. Renata Lo Prete mentiu quando falou da suposta afirmação do presidente do PT. Numa matéria publicada na mesma Folha, há apenas algumas páginas à frente, vemos que Marco Aurélio Garcia disse que a imprensa deveria fazer uma auto-reflexão sobre a cobertura das eleições, não pedir desculpas por ela.
Em se tratando de Veja, e ainda mais com as "condenações" da oposição e da OAB, fica difícil acreditar que o tal delegado realmente intimidou os repórteres. "Intimidações à liberdade de imprensa": esse é o tom da moda!