terça-feira, março 16

Dia de Indy

Eu nunca acompanhei Fórmula 1 da maneira como acompanho futebol.

Mas gosto do esporte.

Provavelmente o Senna, a quem assisti muito pela televisão durante a infância, seja um dos responsáveis por isso.

Tenho vaga lembrança, por exemplo, do GP de Suzuka de 1990, o último daquela temporada, quando o Senna jogou a Mclaren dele em cima da do Prost, assim como o francês tinha feito com ele no ano anterior, e se tornou bi-campeão.

Também lembro, com mais riqueza de detalhes, do GP de Suzuka do ano seguinte, 1991, quando o Mansell, dirigindo aquele veneno de Williams, comeu terra na primeira curva depois da reta, se não me engano, enquanto perseguia o Senna insandecidamente, parecendo um "lião", como o Galvão Bueno gostava de chamá-lo.

Outra lembrança dos "anos dourados" da Fórmula 1 foi a de 1º maio de 1994, no GP de San Marino, em Ímola, quando o Senna passou reto na curva Tamborello e bateu forte, forte. Lembro, segundos depois da batida, dele virando a cabeça pro lado esquerdo, num movimento lento, cabeça caída...

Mas foi no final de semana passado que tive minha experiência mais intensa em relação a corridas: fui a trabalho ao Anhembi, no domingo, e assisti a etapa brasileira da Fórmula Indy.

Sensacional!

Mas sensacional falando agora, depois da corrida. Porque antes eu tava fracassado, com sono, vontade de deitar, aquele sol no lombo, cerveja 6 pila...

Até cogitei pegar um táxi e vazar pra casa no meio da prova.

Devia ser começo de gripe.

Mas foi começar a corrida pro negócio mudar totalmente. Pois é impressionante como aquilo é.

Logo depois da largada, quando os carros passaram pela primeira vez na minha frente, todos eles juntos, em bloco, vixe, já subiu uma senhora adrenalina.

O barulho dos motores é um negócio impressionante que faz toda a diferença. Se os carros de corrida não tivessem o ronco que têm, arrisco dizer que assistir corrida ao vivo perderia, sei lá, 40% da graça. Porque é um barulho tão forte, uns estralos quando eles freiam, que você fica hipnotizado. Uma hipnotização que ocorre, na verdade, quando você se dá conta que esse barulho vêm de dentro daqueles carros.... carros de corrida, aqueles que você só via pela televisão, sabe? Ali eles são maiores, mais compridos, mais coloridos. E ainda têm aquele ronco!

Fascinante!

O problema é que a minha localização no autódromo não era das melhores. A cabeça da galera na frente e os alambrados atrapalhavam um pouco. E eu ainda não tinha um raio de visão muito grande, o que me impedia de ver os carros de longe, quando eles vinham, e depois vê-los ao longe, quando passavam.

Outro detalhe é que eu estava no final da reta do Sambódromo, local onde os carros já vinham em menor velocidade por causa da curva. O lugar que o bicho pegava mesmo, onde eles pisavam sem dó, era na reta construída paralelamente à Marginal Tietê. Lá o pau torava de verdade, mas não tinha arquibancada. Uma hora, no meio da corrida, eu fui a pé até ali perto, e por um vão de mais ou menos três metros de largura no muro de alumínio que eles construíram eu consegui ver os carros a mil. Meu amigo.......

Cara, ver aqueles aqueles carros hipnotizantes a mais de 300 km/h é muito foda. E ali eu vi talvez a principal cena da corrida pra mim, que foi uma ultrapassagem. Quer dizer, pelo vão de três metros deu pra ver que eles estavam lado a lado, em processo de ultrapassagem, não deu pra ver o ato consumado. Mas foi foda. A sensação que meu deu foi basicamente a mistura de duas coisas: uma injeção de adrenalina daquelas e uma euforia infantil. Sabe aquele alegria de criança, aquela euforia que ela fica quando o pai fala que vai levá-la na montanha-russa, no jogo de futebol? Eu senti a mesma coisa. E é infantil porque quando eu vi dois carros de Fórmula Indy lado a lado, numa pista relativamente estreita, a 300 km/h, eu me dei conta que quem pilota isso é gente grande, gente muito grande.

Sei dizer que, mesmo com uma série de interrupções, com o pé d'agua que caiu e com a corrida durando quase duas horas, tudo passou muito rápido. E eu ficaria outras duas horas ali fácil.

Agora eu entendo o fanatismo daqueles nego que vêm de longe, anos consecutivos, pra assistir a Fórmula 1 em São Paulo mesmo quando os pilotos brasileiros não têm chance alguma de vitória.

O negócio é intenso mesmo.

Deem uma olhada no videozinho que eu fiz.

Mas antes aumentem o volume! hehehe.