terça-feira, junho 22

Encontro com o tubarão-baleia

*Publicado no blog Panrotas em Viagem

Golpe de sorte, privilégio, situação corriqueira, talvez um instante nem tão especial assim. A definição eu deixo a cargo do nobre leitor e também a você, cara leitora. Mas o fato é que no primeiro mergulho que fiz na vida, em Los Cabos (México), eu topei com um tubarão-baleia de seis metros, mais ou menos, com quem nadei lado a lado durante três, quatro, cinco minutos, a pouco mais de 12 metros de profundidade. O ocorrido se deu nas proximidades do lindíssimo arco que simboliza o destino, em águas límpidas e repletas de plantas e peixes coloridos que, na década de 70, foram chamadas por Jacques Costeau de "o aquário do mundo".















Do começo: saí bem cedo do hotel naquele dia, pouco depois das sete da manhã, na companhia das amigas comunicadoras Sarah e Mariana, que possuem experiência em mergulho e são formalmente credenciadas para tal. Chegamos à marina de Cabo de San Lucas, fomos apresentados a nossos instrutores (o meu foi o argentino Nacho) e seguimos para o barco. No mar, ancorados no ponto de mergulho, recebi as instruções do Nacho durante uns 30 minutos enquanto Sarah e Mariana, com um grupo de norte-americanos também experientes e credenciados, recebiam as orientações de um outro instrutor.















Eles caíram no mar primeiro, Nacho e eu depois, e já nos primeiros instantes embaixo d'agua eu fui me deslumbrando com aquela nova realidade que se apresentava a mim. É uma coisa doisa: você está lá, nadando lentamente, movimentos vagarosos, e de repente vão aparecendo peixes e mais peixes que você nem consegue saber de onde. Eles simplesmente aparecem, sozinhos ou em bando, os cardumes, olham para você, passam perto, por cima, por baixo. Como se tratava do meu primeiro mergulho, Nacho não síaa de perto, e, mais que isso, ia me segurando e me guiando exatamente como um cachorrinho na coleira. Pode rir, tudo bem, mas é isso mesmo: eu, deslumbrado, ia explorando aquele brave new world e ele, segurando em alguma parte do meu macacão ou do meu cilindro, não sei ao certo, ia me guiando, me apontando as direções, me dando as orientações de como lidar com a pressão que volta e meia apertava os meus ouvidos.















O que mais me impressionou inicialmente foi a coloração dos peixes. Eu nunca tinha parado para pensar sobre isso mais profundamente, mas quando via aqueles peixes cheios de cor nas lojas de aquários, pensava superficialmente que se tratava de algum trabalho de laboratório, que os bichinhos sofriam algum tipo de intervenção, sei lá, e ficavam coloridos daquele jeito para ficarem mais atraentes e, consequentemente, serem vendidos mais rapidamente (pode rir de novo, à vontade!). Mas não, eles são daquele jeito mesmo, têm cores, formas e tamanhos sem fim.






























E assim continuávamos nosso mergulho quando, do nada, mas do nada mesmo, nos vemos atrás do tubarão-baleia, a alguns poucos metros da cauda dele, que deslizava tranquilamente no mesmo sentido que nós. Olhei para o Nacho, comecei a gesticular como que perguntando "você está vendo, é isso mesmo?", e quando caiu a ficha, nossa, eu comecei a rir, a rir tanto e a fazer tanto barulho que pensei que pudesse espantar ou assustar o bicho. Que nada: o pedaço ali era dele, eu era o estranho no ninho, o mero coadjuvante, e ele continuou a deslizar com aquela tranquilidade característica dos tubarões-baleia, que eu só conhecia pela televisão.

Comecei, então, a nadar mais rápido para tentar "ultrapassá-lo" e olhá-lo de frente, pois o que eu queria não era nem tocar nele, mas sim olhá-lho no olho, ter a experiência de ficar de frente com um tubarão-baleia no habitat dele. Mas percebi que isso não iria acontecer se fosse depender da minha "ultrapassagem", já que eu não conseuia nadar mais rápido que o bicho. Só haveria possibilidade caso ele desse uma virada de 180 graus e viesse de encontro a mim. Não demorou e foi exatamente isso que aconteceu: ele se virou, e em alguns centésimos de segundo enquanto virava ficou de frente pra mim, eu consegui olhar no olho dele, a alguns pouquíssimos metros de distância, e então ele passou por nós e sumiu mar adentro.

Já me disseram que isso foi sorte de (mergulhador) iniciante, e talvez nem tenha como dizer o contrário. Mas como se tratou de um dos momentos mais especiais da minha vida, eu acho que é mais que isso. Se você, então, me perguntar o que EU acho que foi, vou te dizer que não sei, e realmente não sei. Vai além da minha compreensão. Só sei que fui muito feliz.































No link abaixo, registros da viagem ao México:

http://www.panrotas.com.br/tv-panrotas/destinos/em-recente-viagem-ao-mexico-o-reporter-alex-souza-registrou-tres-momentos-interessantes-o-relato-de-um-encontro-com-um-tubarao-baleia-em-um-mergulho-feito-em-los-cabos-uma-visita-as-piramides-de-t_1896.html