terça-feira, março 1

A cara da felicidade

Certa vez pergutaram pra algum cara da mídia, talvez o Mino Carta, se ele havia gostado de um livro que o Fernando Henrique Cardoso tinha acabado de lançar à época.

A resposta dele: "Não li e não gostei".

Chego em casa dia desses e vejo uma Super Interessante jogada no sofá, com uma capa aparentemente surrada, típica de revista que já tem um tempo de estrada, e leio no título: Amizade. Por que é impossível ser feliz sozinho. E logo embaixo: A chave da felicidade está nos amigos que você tem (...). Sim: eles definem seu futuro.

À primeira vista achei a mensagem da chamada tão retrógrada que, aliada à suposta velhice da revista, concluí: "Olha a tese careta que os caras queriam defender. Beeeem démodé".

Porque pra mim esse pensamento tem cara de coisa velha, de algo que talvez tenha sido atual em algum momento, mas que hoje você acha terrível, tipo um Escort XR3 Conversível.

Peguei a revista e quando fui ver a data: fevereiro de 2011.

Edição atualíssima!

Aí fica a dúvida que eu jogo pro debate da meia dúzia de heróis que está me lendo: será que realmente é muito retrógrado pensar que "não se pode ser feliz sozinho" ou sou eu que perdi a noção?

(Quando digo "sozinho", obviamente não me refiro a situações extremas)

Porque pô, pensa bem: quer dizer então que se o cidadão não tiver a fortuna de conseguir bons amigos nessa vida, ele está jogado às traças da infelicidade? Não vai ser feliz? Perdeu playboy?

Quer dizer então que a nossa felicidade depende dos outros, de algo que não está conosco?

Sacô o que eu estou querendo dizer?

Se eu não tiver a sorte de ter bons amigos, se eu não casar e tiver filhos até os 30 e tantos anos, se eu não comprar a casa própria, me fudi?

Então a minha felicidade não está em mim, comigo, mas sim no que eu vier a conseguir ao longo da vida?

Não sei, mas me parece de um atraso gigantesco pensar que a nossa felicidade depende de algo que está fora, às vezes inclusive do nosso alcance.

Não li a matéria. Não li e não gostei.

Mas de repente é coisa das boas!