quinta-feira, junho 4

Ponte é solução?

Ouço na Rádio Bandeirantes que o governo de São Paulo vai investir R$ 1,3 bilhão em obras na Marginal Tietê, que garantiriam redução de até 35% no trânsito da via. Serão construídos viadutos, pontes e mais três novas faixas. A expectativa é que tudo esteja pronto em outubro de 2010.

Eu me sinto meio que um xiita quando vêm me dizer que a solução pro trânsito está em medidas dessa natureza. Com 800, 900, sei lá, 1000 novos carros por dia nas ruas, até quando vai durar essa redução anunciada?

A construção de pontes e viadutos e a realização de obras similares são medidas paliativas, razoavelmente eficientes a curto prazo, mas ineficazes a médio e longo. É postergar o problema, jogá-lo lá pra frente. Aí, quando a Marginal "recuperar" estes 35% de trânsito, de que vai ter valido o investimento de 1 bilhão?

Na minha visão, o problema do trânsito paulistano é a quantidade de carros circulando, que se continuar nesse ritmo de crescimento, nem dá pra saber pra onde vamos, visto que a cidade já tá mais entupida que o tanque do meu apartamento antigo. Esse R$ 1,3 bilhão, a meu ver, seria melhor empregado na construção de linhas de metrô, tão escassas em São Paulo na comparação com outras metrópoles mundo afora.

Quer apostar comigo que na campanha presidencial o Serra vai dizer que contribuiu para a melhora do trânsito em São Paulo?

segunda-feira, junho 1

Fita Amarela

Quando eu morrer não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela gravada com o nome dela

Se existe alma, se há outra encarnação
Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão

Não quero flores, nem coroa de espinho
Só quero choro de flauta, violão e cavaquinho

Estou contente consolado por saber
Que as morenas tão formosas a terra um dia vai comer

Não tenho herdeiros, não possuo um só vintém
Eu vivi devendo a todos mas não paguei nada a ninguém

Meus inimigos que hoje falam mal de mim
Vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim

Quero que o sol não visite o meu caixão
Para a minha pobre alma não morrer de insolação

Quando eu morrer não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela gravada com o nome dela


"Fita Amarela", Noel Rosa, 1932, aqui na versão da Orquestra Imperial.