segunda-feira, junho 1

Fita Amarela

Quando eu morrer não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela gravada com o nome dela

Se existe alma, se há outra encarnação
Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão

Não quero flores, nem coroa de espinho
Só quero choro de flauta, violão e cavaquinho

Estou contente consolado por saber
Que as morenas tão formosas a terra um dia vai comer

Não tenho herdeiros, não possuo um só vintém
Eu vivi devendo a todos mas não paguei nada a ninguém

Meus inimigos que hoje falam mal de mim
Vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim

Quero que o sol não visite o meu caixão
Para a minha pobre alma não morrer de insolação

Quando eu morrer não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela gravada com o nome dela


"Fita Amarela", Noel Rosa, 1932, aqui na versão da Orquestra Imperial.

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