segunda-feira, novembro 6

Ensinamento das escolas do futuro

Se ainda houver humanidade daqui a uns 120 anos, as escolas poderão ensinar aos alunos que pelo Brasil passaram três modelos de escravidão, aqui chamadas de Pré-Arcaica, Arcaica e Moderna.
A Escravidão Pré-Arcaica, dirão, começou a ser vivida nos anos que sucederam a ocupação branca do país, em 1.500. Foi uma época que, numa cruel sede colonizadora, os europeus chegaram à América trazendo consigo a pólvora, e com ela o quase extermínio dos humanos aqui encontrados.

- Mas professora - poderá peguntar um aluno - quando teve início o primeiro tipo de escravidão?
- Teve início quando os brancos resolveram escravizar os nativos, que não aguentavam a escravidão por muito tempo e morriam pelo desgaste físico, pelas doenças trazidas pelos colonizadores e por tristeza. Eram chamados de preguiçosos pelos escravizadores...

Tendo em vista que os escravos pré-arcaicos não vinham correspondendo às expectativas, os brancos começaram a pensar em outras possibilidades. A melhor delas foi excursionar à Africa e arrancar os negros que lá viviam para fazê-los trabalhar à força no Novo Mundo. Tem início a Escravidão Arcaica.

- No século 19 - dirá a professora - uma princesa chamada Isabel determinou o fim da Escravidão Arcaica. Os negros estavam livres novamente. Mas imaginem vocês, aluninhos, que eles estavam sem terras para plantar, sem casa para morar e aculturados. A solução encontrada por muitos foi voltar à subserviência dos senhores.

Eis que em meados do século 20 tem início a Escravidão Moderna.

- A Escravidão Moderna foi abolida há pouco mais de trinta anos, vocês ainda nem tinham nascido. Nela, o escravo deixa de não ganhar nada pelo trabalho realizado e passa a ser recompensado financeiramente.
- Mas professora, se eles recebiam pelo trabalho, por que eram escravos?
- Porque, assim como nos dois momentos anteriores de escravidão, os escravos modernos trabalhavam demais. Recebiam de menos, pouco, muito menos que o justo. Os negros arcaicos não ganhavam nada e moravam em senzalas, enquanto os senhores ganhavam muito e moravam nas casas-grande. O escravo moderno ganhava pouco e morava nos morros e nas periferias, enquanto os patrões ganhavam 100, 200, 300, 1.000 vezes mais e se esbaldavam nas mansões e prédios de luxo.

A professora prosseguirá:

- Aquilo que a sociedade do passado chamava de classe média, uma parcela da população que não era nem rica nem pobre, era como os capatazes do período arcaico. Os capatazes não eram escravos nem senhores, mas odiavam os escravos e cultuavam os senhores.

3 comentários:

Tatiana disse...

Me senti como menininha, sentada em uma cadeira escolar, te ouvindo, fessô.
Apareça serpre pelos lados de lá. Será um prazer te encontrar.
Um abraço

Anônimo disse...

aí a professora diria, "a escravidão do início do século XXI também era chamada de 'pós-modernidade', nome assaz pomposo".

PS: Alex, aproveito para informar qu eo link para meu blog está errado aí do lado direito. tá faltando um L ;-)

PS2: vá lá no meu blog q tem uma noticia pra vc colocar no Diário de SP, hehe

Rajan Alexxx disse...

É um prazer te ter por aqui também, Tatiana. Estarei pelos lados de lá, sim!
Ae Daniel, qual será a notícia, hein? Vou dar uma passada lá.
Abraços