Uma das polêmicas do momento gira em torno de um email que circula pela internet pedindo boicote ao filme "Turistas", em cartaz nos EUA desde o início do mês. Pra quem não sabe, o longa foi filmado no Brasil e conta a história de seis jovens americanos que resolvem passar as férias na terra das praias paradisíacas, do futebol, do samba e das belas e fogosas mulheres. Aqui chegando, a turma se diverte a valer com os nativos: muita descontração, caipirinha e "boa noite, cinderela".
Pois é, a folia toda acaba quando eles levam o golpe do "boa noite, cinderela" numa balada pé-na-areia. Acordam na praia, sem passaportes, cartões e dinheiro. Pedem ajuda e acabam sendo vítimas de uma quadrilha de traficantes de órgãos. Ai, ai, ai, que meda!
No tal email, e também em um abaixo-assinado que pede a proibição da veiculação do filme, os principais argumentos utilizados falam que o filme pode prejudicar o turismo no Brasil e que nós não podemos dar um centavo sequer a uma obra que visa denegrir a imagem do Brasil no exterior - clique aqui para um "video" que pede boicote.
Por partes: deixei um recado no orkut da pessoa que criou o email de boicote. É uma baiana que vive do turismo, já que é dona de uma pousada no interior da terra do Jorge Amado.
- O Brasil precisa tanto dos turistas "cabeças", aqueles que sabem diferenciar a realidade da ficção, quanto dos "não cabeças", que acham que o Brasil é apenas futebol, samba e mulher - a baiana me respondeu no orkut.
Acho que ela tem toda razão, realmente o Brasil precisa tanto dos turistas minimamente inteligentes quanto dos desprovidos de inteligência. Acontece que o cinema não pode pagar o pagar pela jumentice alheia, "a arte não pode pagar o preço da ignorância", me disse o Hugo, mesmo que nesse caso a arte seja representada por um filme aparentemente tosco.
"Por favor, passem a mensagem para que um filme como este, que transmite uma imagem extremamente negativa sobre o nosso país, seja boicotado". Como somos hipócritas, não? Essas pessoas deveriam boicotar os sequestros, assaltos, "boa noite, cinderelas" e o tráfico de órgãos, temas fantasiosamente retratados no filme mas que todos sabemos que ocorrem em abundância por aqui.
Quem quiser saber mais, compre o Diário de quinta-feira. Tem matéria minha entrevistando a presidente da Embratur, o diretor geral da Paris Filmes e um crítico especializado em filmes de terror.
terça-feira, dezembro 12
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3 comentários:
sim, nós temos nossas mazelas, mas daí virem ganhar uns trocados em cima dela é demais!
certo, há ignorantes e hipócritas em todo lugar do mundo, aqui, nos states, em todo lugar. mas, na minha modesta opinião, esses produtores holiudianos nunca foram modelos de intelectuais. alguns são, mas os do filme "Turistas" com certeza não.
e, ainda na minha opinião, quem vai entrar na fila pra ver essa grande peça do cinema que não quer dizer coisa nenhuma, merece o filme.
Eu estarei na fila porque quero ver o Brasil na tela, quero ver de que maneira eles filmaram os cenários naturais do nosso país e quero ver o modo pelo qual parte dos gringos nos exergam.
Pô, é uma obra de ficção, a gente tem que ficar bravo é com as tais mazelas brasileiras, e não com o filme. Se não tivessem os problemas, não teria o filme. Cinema é cinema.
Sim, eles vão ganhar em cima das nossas mazelas (vão ganhar, embora o filme esteja sendo um fracasso de bilheteria), mas é bom lembrar que estas mazelas existem em todo lugar do mundo. Ou seja, são mazelas mundiais, ocorrem em todos os cantos. Quem souber ver dessa forma, que veja. O resto é ficção.
Também estarei lá para ver o filme. Boicotá-lo é idiota, uma manifestação artística não deve ser boicotada por culpa da ignorância da paltéia. Goste ou não do gênero do filme ele não deixa de ser uma expressão artítica de ficção. Deveríamos ficar bravos com filmes que mostram brasileiros falando em espanhol, ai sim é abusar.
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