Ninguem mais aguenta ouvir falar do "caso Isabella".
Quer dizer, muita gente aguenta: a polícia estima em mil o número de pessoas que permaneceu em frente ao prédio onde o casal esteve nos últimos dias.
Algumas semanas após o crime, uma van lotada veio de Minas Gerais especialmente para acompanhar o caso, in loco, na frente do prédio em que a menina foi jogada. Ficaram meio que acampados lá.
Antes de ontem, a negada estava na frente da delegacia no momento em que o casal chegava para ser notificado da prisão. Uma anônima, inclusive, deu pra ver na TV, conseguiu acertar de raspela um tapa na cara da Jatobá.
O povo é fanático.
Os jornais deveriam fazer uma matéria com o seguinte foco: qual o perfil desses fanáticos por tragédias, essas pessoas que a gente vê ali, xingando, tentando furar o bloqueio pra dar na cara de quem eles acreditam ser os criminosos, esse povo que vem de van de Minas Gerais só pra dar uma conferida. Quem são esses nego? Em que ramo trabalham? Quantas horas por dia se dedicam ao "caso Isabella"? Qual o livro de cabeceira? Eles preferem o Guilherme de Pádua ou o maníaco do parque? Os biocombustíveis brasileiros são os responsáveis pela alta nos alimentos em todo o mundo? Quem é o responsável pelo vazamento do dossiê sobres os gastos do FHC? Numa noite fria de São Paulo é melhor ficar em casa ou ir pra delegacia do Tucuruvi?
Vou mandar essa pauta pros jornais.
sexta-feira, maio 9
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Um comentário:
Eu estaria interessada em ler o resultado desse trabalho: qual o perfil das pessoas que seguem esses casos. Mas as pessoas não podem ser isoladas dos contextos, nomeadamente de um jornalismo de sensação, do local onde vivem e de uma outra série de condicionantes. Eu própria já tentei analisar o caso de Guilherme de Pádua, pois foi um caso super sensacionalista, pois deu em todas as Tvs e afins, mas pouco aprofundado. Como o caso de Sandro do Nascimento... e tantos outros. Cada pessoa faz parte de uma constelação de tantas outras pessoas, inclusive onde estamos eu e você. Encontramo-nos no Coisas Banais! Até lá.
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