terça-feira, abril 28

Bolsas, doença e Caderno

Ontem à noite assistia a uma matéria sobre a gripe suína na Globo News e fiquei com a pulga atrás da oreia quando vi que bolsas em todo o mundo fecharam com índices negativos em função da doença. Com os meus botões pensei: "Má que diabo tem a ver gripe suína com bolsa de valores?"

Hoje de manhã, quando cheguei pra trabalhar, abri meu email e, vejam só, li a seguinte chamada na newsletter do Portal Exame: "Por que a bolsa cai com a gripe suína?". Cliquei e caí no blog de um cara chamado Cláudio Gradilone, jornalista e economista, que em dois posts bem didáticos explicou a relação. Bacana!

Caderno de Saramago
O B-Coolt deu a dica e eu caí no Caderno de Saramago, blog do escritor português José Saramago. Naveguei pela primeira vez lá ontem e já fiz uma varredura nos textos disponíveis, válidos tanto pelo conteúdo (óbvio!) quanto pelo Saramago way of writing.

E que ele não saiba da existência desta expressão! rs

sexta-feira, abril 24

Recomendo

Essa semana me diverti assistindo a dois filmes dos irmãos Cohen: "O Grande Lebowski" e "O Homem Que Não Estava Lá".

"O Grande Lebowski" eu já havia assitido uma vez, há uns dois anos, mas na época não curti muito. Não sei, eu não devia estar muito inspirado no dia, não devo ter entendido muito bem a trama, sei lá, e aí ficou aquela sensação de "não fede nem cheira". Mas no fundo eu sabia que o filme era realmente bom e que, na verdade, o problema devia ser comigo. Aluguei pra tirar a prova e não deu outra: curti horrores, ri demais com o Lebowski, um ex-hippie preguiçoso, desempregado convicto, da paz total, que pouco faz além de jogar boliche, fumar maconha e beber cerveja, além de tomar banho de banheira, à luz de velas, ao som do canto das baleias, e com outro personagem engraçadíssimo, o parceirão do Lebowski, Walter, um gordão com óculos fundo de garrafa de lente marrom, ex-combatente do Vietnã, daqueles que pensam que sabem tudo mas que só fazem merda. E como o Walter faz! Ó o naipe da dupla:












"O Homem Que Não Estava Lá", embora com excelentes pitadas de humor, puxa bastante pro mistério, suspense... aquele tipo de filme que te deixa extremamente ansioso por saber o que tem pra acontecer. Uma ansiedade também justificada pela imprevisibilidade das situações, que te surpreendem absurdamente. São situações tão imprevisíveis que, embora possa imaginar, você dificilmente vai acertar o final do filme. Pago uma pipoca se acertar!

terça-feira, abril 21

Lembranças e atualidades da bola

Jogar futebol e acompanhar o esporte bretão são duas coisas que faço já há algum tempo. Na minha memória de elefante, inclusive, tenho a imagem nítida não vou dizer da primeira vez que joguei bola, mas pelo menos de uma das primeiras. Foi em 1988, eu tinha portanto de cinco pra seis anos. Sei o ano direitinho porque remonta a uma situação de mudança de casa por parte da minha família: nós morávamos numa casa no Tatuapé, pertinho da gloriosa Praça Sílvio Romero, e o dia dessa minha minha lembrança foi o dia em que nos mudamos pra uma outra casa, no mesmo Tatuapé, só que mais perto da Praça do Bom Parto.

A rua para a qual mudamos, pra minha sorte e pra do meu irmão, era cheia de molecada como a gente. Molecada bacana, que brincava horrores o tempo todo na rua e que tem uma parcela de contribuição enorme pro sucesso que foi a nossa infância. Ao lado do meu avô, sócio do Corinthians desde os idos da década de 60, e que nos incentivou bastante a frequentar o clube, esses moleques também têm uma boa parcela de culpa por sermos os corinthianos que somos hoje, pois todos, com apenas duas exceções (um são-paulino e um da Lusa) eram corinthianos roxos que adoravam torcer pro Corinthians naqueles tempos em que o Neto matava a pau.

Mas, voltando, a imagem que eu tenho dessa minha "primeira vez" jogando bola é o caminhão da mudança parado, descarregando as coisas em frente a nossa nova casa, e eu e meu irmão já batendo uma pelota com os novos amigos da rua. Isso logo no primeiro dia, hein... Percebe-se que meus problemas de sociabilidde vêm de longa data...

Também lembro com muita clareza, a gente já morando em Dois Córregos, de como gostávamos não apenas de jogar futebol, mas de acompanhá-lo também. Tivemos o privilégio de assistir por um bom tempo, entre 1993 e 1994, uma mesa redonda na TV Cultura, o Cartão Verde, composta basicamente por Juca Kfouri e José Trajano nos comentários e por Flávio Prado na apresentação do programa - a pessoa do sexo feminino que leu "mesa redonda" até se arrepiou, tamanho é o ódio que as mulheres, em geral, têm por esse formato de programa esportivo. Mas esse Cartão Verde, pela qualidade profissional do trio, era tolerável no mínimo por alguns instantes pelas mulheres.

O Juca Kfouri se tornou meu herói na profissão: adoro ouvir o programa diário dele na CBN, sou frequentador do blog, sempre que posso leio as colunas na Folha. Do Trajano, infelizmente, acompanhei muito pouco desde então. Ele participa de um programa na ESPN Brasil, inclusive ao lado do Juca, mas como eu não tenho ESPN em casa não consigo acompanhar, e confesso que não sei se ele é colunista de jornal, se tem blog, programa em rádio, etc...

O Flávio Prado, puts, esse é uma decepção monstruosa. Na época do Cartão Verde ele era bem discreto nos comentários pelo fato, principalmente, de ter ao lado dois dos mais respeitados comentaristas esportivos do Brasil. Ele se limitava e mediar a participação do Juca e do Trajano e sempre que comentava algo, por ser um cara discreto na época, o fazia com objetividade e precisão. Hoje em dia, no entanto, o Flávio Prado vai de mau a pior. Apresentador do "Mesa Redonda" e comentarista do "Gazeta Esportiva", ele se tornou agressivo nos comentários, prepotente, generalista, inflexível e até desrespeitoso. Dá nojo. A última dele foi aprovar a péssima atuação do zagueiro Domingos, do Santos, um brutamontes desqualificado futebolisticamente que protagonizou uma das cenas mais lamentáveis de 2009 no futebol brasileiro. Flávio Prado o chamou de "genial", pode?, pela malandragem baixa que esse grosso usou no jogo contra o Palmeiras, domingo passado.

Ver o que se tornou esse profissional que eu acompanho desde criança é uma pena. Relembrar da história toda, aí sim, é genial!

quinta-feira, abril 2

Tsunami de La Paz

Em 2007, o Flamengo foi a Potosi, na Bolívia, e fez um jogo heróico contra o time da casa, o Real Potosi, pela Libertadores da América. Jogando há quase quatro mil metros de altitude, o time do Zico não viu a cor da bola no primeiro tempo e começou perdendo por 2x0. Na segunda etapa, mesmo sofrendo com a falta de oxigênio, os cariocas fizeram dois gols e conseguiram segurar o empate até o final.

Após o jogo, a já tradicional polêmica surgida sempre que um time brasileiro vai jogar na altitude entrou em cena, com o presidente do Flamengo chegando a dizer, inclusive, que sob a gestão dele o Mengão nunca mais subiria a montanha para jogar. Depois de muito burburinho e diz que me disse, a Fifa resolveu intervir e proibiu jogos internacionais em cidades localizadas acima 2.500 metros do nível do mar.

Não demorou e os presidentes da Bolívia e da Venezuela, Evo Moralez e Hugo Chavez, que adoram politizar e polemizar, promoveram diversas ações com o objetivo de mostrar que jogar na altitude não fazia mal à saúde. Uma delas foi uma 'pelada' no estádio Hernando Siles, em La Paz, há 3.500 metros, que teve a participação de Morales e de Diego Armando Maradona, amigão de Fidel, guevarista de tatuagem e camarada de Hugo Chavez.

Três anos se passaram, a Fifa voltou atrás na resolução que proibia os jogos nas alturas e Maradona virou técnico da seleção argentina. Ontem, no mesmo Hernando Siles, o dono da 'mano de Dios' comandou os hermanos em uma das maiores sovas da história do futebol argentino: Bolívia 6x1 Argetina.

Depois do jogo, a imprensa brasileira, que também adora politizar, ainda mais quando tem esquerdista sul-americano no meio, atribuiu a derrota unicamente à altitude, como se a Bolívia não tivesse entrado em campo, como se a Argentina tivesse jogado muita bola. Hoje, uma das matérias publicadas no site do Olé, principal jornal esportivo argentino, falou sobre aqueles que eles consideram os responsáveis pela derrota. "Diego, como conductor y como estratega, es el mayor responsable del tsunami de La Paz". O título da matéria: "Diego 40%, altura 20%, jugadores 30% y Bolivia 10%".

Que jogar em cima da montanha favorece o time da casa, acho que ninguem mais dúvida. Me parece óbvio. O que não pode é ficar martelando na idéia de que, sozinha, a altitude ganha jogo - imprensa e jogadores brasileiros adoram colocar a culpa na altitude depois de algum fiasco. Se altitude ganhasse jogo, a Bolívia golearia todas as seleções que vão a La Paz, e o Real Potosi, do mesmo modo, esmagaria os times que se aventuram em Potosi. Definitivamente, essa não é a regra.