Fui a um evento no Museu do Futebol essa semana que contou com a presença do glorioso Cafu, que não tinha muito a ver com o assunto em questão (venda de pacotes de viagens pra Copa do Mundo), mas tava lá pra dar um tchan no negócio, atrair público e mídia, aquelas coisas. Em um formato tipo sabatina da Folha, ele contou histórias da carreira, causos interessantes, interagiu, distribuiu sorrisos. Gente fina!
O momento crucial da participação dele, pelo menos pra mim, foi quando um cara da platéia trouxe à baila o fatídico “caso do meião”, aquele da Copa de 2006, quando o Roberto Carlos abaixou pra arrumar a meia e o Henry passou atrás dele, sozinho, pra marcar o gol da França que eliminou o Brasil. O 'perguntador' queria saber a versão do Cafu em relação ao lance, tendo em vista que ele era nada mais do que o capitão daquela seleção. Ótima ocasião pra fazer a pergunta, afinal, evento oba-oba, sem a presença da grande imprensa, pouca gente, quatro anos depois...
O Cafu respondeu que em escanteios e faltas perigosas como aquela, cada jogador sabia exatamente onde estar e a quem devia marcar.
- E o Roberto Carlos tava na posição que estava pra pegar um possível rebote e puxar o contra ataque. Mas justamente naquele momento ele abaixou pra puxar aquele bendito meião e acabou sendo taxado como culpado.
Puts, nessa hora eu ouricei total, porque pensa comigo: se cada jogador sabia exatamente aonde estar e a quem marcar, e o Roberto Carlos, pelo o que o Cafu disse, não tava ali pra marcar ninguém, e sim pra puxar um possível contra-ataque, então quem deveria estar marcando o Henry? Quem deveria? Quem? O real "vilão" da história foi outro então? Quem? Quem? Mas aí as perguntas foram encerradas e o evento teve sequência.
Fiquei numa pilha só, não me aguentava na poltrona. Pô, o Cafu contou um puta milagre, e será qué só eu ali fiquei doido pra saber o nome do santo? Parecia que sim. Mas nem a pau que eu voltaria pra casa sem saber quem era o jogador que devia estar marcando o Henry.
No final, todos os presentes ganharam um kit com uma bola de futebol e mais uns badulaques sem expressão, e o Cafu ficou à disposição pra autografar as bolas. Há, era a hora! Esperei todo mundo ir lá, pegar autógrafo, e quando a muvuca passou, quando ele tava saindo pra ir embora, eu cheguei com o pretexto do autógrafo.
- Assina pra mim, Cafu?
- Claro – e escreveu na bola o tradicional “Do amigo Cafu”.
Por que todo jogador escreve “do amigo” nos autógrafos?
Quando ele me devolveu a bola e olhou pra mim esperando o óbvio ‘obrigado’, eu mandei:
- O Cafu, e quem é que deveria estar marcando o Henry lá?
- Esquece isso – ele respondeu, com aquele sorriso de morcego característico dele.
Não desisti.
- O loco, Cafu, falaí.....em off, vai!
- Em off? Olha o que tem de gente aqui – ele respondeu, já virando e começando a andar pra ir embora, cercado por aquele bando de puxa saco, aqueles nego com cara e trejeito de pagodeiro que tão sempre junto com jogador de futebol.
Mas.....nem a pau que eu sairia dali sem saber o que eu precisava saber.
Insisti.
- Ah, Cafu... falaí, meu!
Com uma cara de piedade, ele virou pra trás e disse:
- Era pra ser um zagueiro alto.
Meu olho brilhou...
- O Lúcio?
- Era pra ser um zagueiro alto.
3 comentários:
O Roberto Carlos podia ter caguetado e ficou na dele. Se isso procede, passo a admirar mais ainda esse cara.
Porra, sensational! Arrancar uma dessa e na raca que foi, e' muito admiravel! Good on ya mate!
Lembra?
Quem é vivo...
perdemos contato, né :(
bom, agora to com minhas metas e setas voltadas pra sp... se bobiar, nóis se esbarra rs
bjs
malu
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