terça-feira, março 1

A cara da felicidade

Certa vez pergutaram pra algum cara da mídia, talvez o Mino Carta, se ele havia gostado de um livro que o Fernando Henrique Cardoso tinha acabado de lançar à época.

A resposta dele: "Não li e não gostei".

Chego em casa dia desses e vejo uma Super Interessante jogada no sofá, com uma capa aparentemente surrada, típica de revista que já tem um tempo de estrada, e leio no título: Amizade. Por que é impossível ser feliz sozinho. E logo embaixo: A chave da felicidade está nos amigos que você tem (...). Sim: eles definem seu futuro.

À primeira vista achei a mensagem da chamada tão retrógrada que, aliada à suposta velhice da revista, concluí: "Olha a tese careta que os caras queriam defender. Beeeem démodé".

Porque pra mim esse pensamento tem cara de coisa velha, de algo que talvez tenha sido atual em algum momento, mas que hoje você acha terrível, tipo um Escort XR3 Conversível.

Peguei a revista e quando fui ver a data: fevereiro de 2011.

Edição atualíssima!

Aí fica a dúvida que eu jogo pro debate da meia dúzia de heróis que está me lendo: será que realmente é muito retrógrado pensar que "não se pode ser feliz sozinho" ou sou eu que perdi a noção?

(Quando digo "sozinho", obviamente não me refiro a situações extremas)

Porque pô, pensa bem: quer dizer então que se o cidadão não tiver a fortuna de conseguir bons amigos nessa vida, ele está jogado às traças da infelicidade? Não vai ser feliz? Perdeu playboy?

Quer dizer então que a nossa felicidade depende dos outros, de algo que não está conosco?

Sacô o que eu estou querendo dizer?

Se eu não tiver a sorte de ter bons amigos, se eu não casar e tiver filhos até os 30 e tantos anos, se eu não comprar a casa própria, me fudi?

Então a minha felicidade não está em mim, comigo, mas sim no que eu vier a conseguir ao longo da vida?

Não sei, mas me parece de um atraso gigantesco pensar que a nossa felicidade depende de algo que está fora, às vezes inclusive do nosso alcance.

Não li a matéria. Não li e não gostei.

Mas de repente é coisa das boas!

terça-feira, dezembro 21

Top 2010

Inspirado pelo blog "Sem Fronteiras", do Sidney Alonso, eu preparei duas sequências aqui, dois Top 2010: um de momentos e um de fotos. Tudo muito pessoal. Boralá:

Top 2010 - Momentos

11- Os cinco minutos olhando pros cânions de Itaimbezinho, no Sul

10- O primeiro livro que li do Osho

9- O estouro do cativeiro do Jão Zanetta no Encontro Anual dos Amigos de Dois Córregos

8- As três ou quatro noites de Neu com o Ciborg

7- A noite de sambão-roots em Curitiba com o Vira-Lata e a Doca

6- Ter conhecido a minha amiga Dani del Colli

5- O primeiro churrasco na churrasqueira nova lá de casa, em 2 Córgo

4- O reconhecimento profissional tido agora no final do ano

3- O dia de carnaval passado em Olinda

2- Satsangs, experiência zero e meditations

1- Com certeza o Top 1 do ano, talvez da vida: o encontro com o tubarão-baleia no México. Top, top, top!

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Top 2010 - Fotos

11- Estádio Azteca















10- Buenos Aires















9- O ano do 'RAPAAAAAI'















8- Mamma mia














7- MAM de Salvador















6-















5- Acapulco















4- Itaimbezinho (RS)




















3- Los Cabos















2- Dubai















1- Teotihuacan















Feliz 2011 pra gente!

quarta-feira, outubro 13

Eu gosto de trabalhar no feriado

Mas calma: é óbvio que, asism como você, eu preferiria ter ido ao SWU, pego uma praia ou ficado de bobeira por aqui mesmo, aproveitando aquilo tudo que São Paulo tem de bom pra oferecer em um feriado prolongado. Ocorre que quando eu sou avisado com uma boa antecedência de que terei de trabalhar em um final de semana ou em um feriado, como foi o caso agora, o meu psicológico se arruma e eu vou trabalhar na boa, não fico naquele martírio de pensar que poderia estar fazendo isso ou aquilo. Sem crise. Em outros tempos eu já sofri bastante com aquele diabinho maroto que vem e diz que enquanto você, bocó, está trabalhando, o povo tá se divertindo horrores em situações mil por aí. Já sofri, mas hoje o diabinho foi devidamente expurgado e não me enche mais. Perdeu, playboy!

Isto posto, eu reafirmo o que disse no título e digo mais: pra mim, trabalhar no feriado é muito mais gostoso do que em um dia normal. É tudo mais light. Desde o momento em que eu acordo. Hoje, por exemplo: a primeira coisa que me veio à cabeça quando o despertador do celular tocou foi:"cadê o barulho dos carros na rua?". Era impressionante o silêncio. Nem de domingo a tranquilidade é igual a essa que estava hoje, feriadão. Me arrumei, desci e quando saí do prédio vi que era mesmo verdade: não passava carro nenhum na rua, e nem gente! Fui pro ponto pegar o ônibus e a Rebouças suuuuper tranquila, quase nenhum motoqueiro, alguns poucos carros vindo em uma velocidade bem abaixo da que a gente está acostumado a ver. Peguei o ônibus e depois o metrô ouvindo meu sonzinho e tudo numa relax, numa tranquila, numa boa - viva Tim Maia!

No trabalho o clima também é outro, com o ritmo menos acelerado, telefone que não toca, caixa de e-mail incrivelmente parada. A hora do almoço é o momento mais complicado: tá tudo fechado e você acaba sendo obrigado a encarar aquele filé de frango de 8 conto do pé sujo da esquina. Mas tudo bem também, vai que vai.

Eu só fui me sentir na São Paulo velha de guerra na hora de ir embora do trabalho, no começo da noite, com a galera voltando de viagem e a cidade novamente lotada de carros, ônibus, motos, pessoas, pressa...

No próximo feriado, portanto, eu com certeza vou preferir estar contigo no show do Rage Against Contra A Máquina em algum festival por aí, se der também poderei optar por dourar meu bronzeado de palmito em alguma praia, ou poderei estar também na poltrona ao lado da sua, assitindo aquele filminho esperto. Mas se por acaso a senzala chamar, nós estaremos lá, dando o sangue sem maiores pormenores. Não estaremos?

*escrito ontem, dia 12

sexta-feira, outubro 1

A volta do que não foi

Por conta de um voo que faria pra Montevideo, eu estive no aeroporto de Cumbica (Guarulhos) agora à noite (28/09).

Graaaande Cumbica.

Gostoso ir pra lá no horário de pico de um dia chuvoso de São Paulo.

Bom, bom.

Tráfego fluindo bem, tudo tranquilo, motoristas em clima de yoga aos volantes.

Hum.

Problemas da megalópole à parte e voltando ao assunto que me levou a escrever estas mal traçadas linhas, você reparou ali atrás que eu disse que "faria" um voo pra Montevideo, né? Pois bem, meus caros, faria. Porque cometi um vacilo daqueles - levei apenas minha carteira de habilitação como documento, nem passaporte, nem carteira de identidade original - e tive meu check-in negado. A minha sorte - Deus protege as crianças e os distraídos - foi que consegui ser remanejado pra um voo amanhã cedo, às 9h, e não perderei o compromisso que terei por lá.

Ufa!

Problema resolvido, ainda do aeroporto eu liguei pro taxi que me trouxe pra casa e, enquanto o esperava, fiquei navegando pelo site do Panrotas.

E eis que caí em uma das várias notícias que publicamos hoje sobre os problemas enfrentados pela Webjet e pelos passageiros da companhia.

Só dando uma leve recapitulada, pra quem não acompanhou: primeiro, às 11h46, veio a notícia de que, até às 11h, a aérea havia cancelado 54% dos voos programados para toda a segunda-feira. Pouco depois, por volta das 13h55, saiu o comunicado oficial sobre os cancelamentos, que em determinado trecho diz: "O forte crescimento dessa demanda em setembro levou a empresa a remanejar passageiros por meio de contatos antecipados via call center. Vale destacar que 90% deles foram avisados previamente, evitando deslocamentos desnecessários até os aeroportos".

E justamente enquanto lia essa parte, eu notei que as três pessoas que estavam ao meu lado, dois gringos sulamericanos e uma baiana, haviam sido prejudicados pelos cancelamentos. Puxei papo e a baiana me disse que eles pegariam um voo da Webjet pra Salvador, às 22h, se não me engano.

- Eles (Webjet) disseram pra gente ficar aqui até às 2h15 da manhã - ela me falou . Isso eram umas 21h, mais ou menos.

Eu tornei:

- Mas o que exatamente vai acontecer às 2h15? Vai sair um voo? Eles vão ter um posicionamento? Alguem vai falar alguma coisa?

- Não sei, não consegui entender.

Como estava com o site do Panrotas aberto, eu mostrei o comunicado oficial da Webjet pra eles, apontei pro trecho que citei ali em cima e soltei, em tom de brincadeira, pra descontrair, no melhor estilo Galvão Bueno:

- Éééé, amigos, infelizmente vocês fazem parte desses 10% aí que não foram "remanejados por meio de contatos antecipados via call center", que "não foram avisados previamente" e que "se deslocaram desnecessariamente até o aeroporto". Risadinhas!

Ahhhh, humor negro cai bem nesses momentos vai...

Não podia perder essa, né?

...

...aiaiai...

...

...podia?

sexta-feira, setembro 3

Viajando de trem, ontem e hoje















Acho que são poucas as pessoas nascidas na década de 80 - a minha geração - que viajaram nos trens da Fepasa, aqueles que nossos avós adoravam e contavam mil histórias sobre viagens românticas do passado. Eu viajei quando era criança e vou dizer que não foi uma vez ou outra não, viu? Foram várias, entre o início e a metade dos anos 90, quando ainda morava numa pequena cidade do interior de São Paulo chamada Dois Córregos, a capital nacional da macadâmia! Naquela época, eu e meu irmão passávamos todas as férias escolares aqui em São Paulo, e muitas das vindas para cá eram feitas de trem. Não por questão de preço, conforto ou rapidez, mas porque meus avós, que moravam em São Paulo, adoravam. Eles faziam questão de ir a Dois Córregos nos buscar, de trem, claro, e então voltávamos os quatro nos vagões da Fepasa.

Mas olha, não era fácil não, pelo contrário: viajar de trem era uma tortura (os saudosistas vão querer me matar, mas é verdade!), pelo menos para nós, crianças de 10, 11 anos. O trem já chegava em Dois Córregos atrasado - nós ligávamos na estação para saber se ele estava no horário ou não. Embarcávamos e muitas vezes não havia lugar para sentar - tínhamos de esperar sentados em cima das malas, ou em pé, até que alguém descesse nas próximas cidades e um banco fosse liberado. A batalha seguinte, então, passava a ser o marasmo de viajar sete, oito, nove horas naquele calor, trem lotado, funcionário passando no corredor vendendo pão murcho com mortadela de ontem. Jesus!
Ocorre que neste final de semana eu vivi uma experiência nova relacionada a viagens de trem: fui para Curitiba e fiz um passeio a bordo do Great Brazil Express, trem de luxo administrado pela Serra Verde Express. Nada de lotação, calor ou pão com mortadela. Aí sim uma viagem com aquele toque de romantismo dos "anos de ouro" das viagens ferroviárias. O trem é super bacana, com aquela pinta de luxo dos anos 60, poltronas em veludo vermelho, outras de couro marrom-escuro, móveis de madeira, abajures, lustres, quadros.








































E o roteiro que fiz é bem interessante: o trem sai da estação ferroviária de Curitiba pela manhã e segue para o município de Morretes, em um trecho de 67 quilômetros feito numa ferrovia construída há quase 130 anos em plena Serra do Mar. O visual é lindo: floresta de Mata Altântica preservada, cachoeiras, corredeiras.

Em Morretes, cidade histórica do século 18, a parada é para o almoço, que tem como principal chamariz um prato típico paranaense chamado barreado (carne bovina cozida em panela de barro durante 15 horas, temperada com coentro, bacon, alho, cebola e loro e saboreado com farinha de mandioca semi-torrada e banana). Paralelamente ao barreado, os restaurantes locais costumam servir porções saborosas de camarão, peixe e derivados.
Após o almoço, mais três horinhas de viagem até Curitiba, momento em que o sono vai bater, com certeza. Afinal, você comeu muito bem, está numa poltrona super confortável, o trem tem aquele leve balanço. Não resista, aproveite a paisagem até onde der e se entregue a um bom cochilo.
















































































































terça-feira, agosto 24

E como come-se bem na Bahia

Comer, comer e comer. Estes são três dos principais programas que se têm pra fazer na Bahia. E como se come bem na Terra de Todos os Santos, não? Meu Deus, Oxalá, Saravá, rei! Nesta minha última ida pra lá eu fui levado a um restaurante que, olha, você tem de conhecer. Quer dizer, eu recomendo e vou dizer porquê, aí você vê o que faz, combinado?

Então vamos lá. O restaurante se chama Paraíso Tropical, fica no bairro Cabula e é comandado por uma figura simpaticíssima: o chef Beto Pimentel. O cara é um show à parte, super bem-humorado, empolgante, aquele tipo de pessoa que parece que você conhece já de outros carnavais, emobra o estejam te apresentando naquele momento, sabe? Um grande anfitrião que, se deixar, passa o tempo todo ali com você, explicando cada pequeno detalhe dos pratos que ele cria e serve.

E já que toquei no assunto pratos, eu tenho que chamar a atenção para aquilo que, na minha opinião, é o maior charme da casa: a existência de um pomar envolto por Mata Atlântica, nos fundos do restaurante, onde estão plantados seis mil pés de mais de 200 tipos de frutas. Até pé de amarula o homem tem lá, acredita? E eu que acahava que amarula nascia na prateleira do supermercado, dentro daquelas garrafas marrom-claro que têm uns elefantes desenhados... Outra característica inteessante do Paraíso Tropical é que os itens nascidos nesses seis mil pés - como você, audaz que só você, já deve ter feito a ligação - são usados na composição dos pratos, em substituição aos produtos industrializados, o que deixa tudo muito mais leve. Dá pra imaginar leveza na gastronomia baiana? Aí sim fomos surpreendidos novamente, Zagallo!

De entrada eu provei uma casquinha de aratu - o aratu, segundo o Beto, "é o primo rico do siri". É tipo uma casquinha de siri mesmo, mas, obviamente, com um outro sabor, tão gostoso quanto. Ainda no quesito casquinha eles tem uma série de opções: atapu, calapolvo, camarão, lagosta, polvo, preguari e siri. Agora respirem fundo para os pratos principais: Sertanejo Tropical (carne de sol, carne de fumeiro, linguiça de fumeiro, manga, caju, banana, maçã, kiwi, pêra e mangalô, tudo grelhado e banhado ao caldo de achachairu, cacau, biribiri, mel de abelha nativa, limão e ervas aromáticas) e Moqueca de Peixe ao Paraíso (peixe cozido com coco de olicuri, palmito de coqueiro fresco, lâmina de coco verde, pitanga, biribiri, amora, pimenta de biquinho, folha e flor de vinagreira, temperos especiais e aromáticos, fruto de dendê e azeite de oliva extra virgem). Ufa! Essa fartura toda regada a um suquinho frozen de acerola - se você for mais curioso, pode pedir um suco de sapoti, de seriguela, mangaba, umbu cajá...

E não se surpreenda se, enquanto estiver se deliciando com as receitas que só são encontradas lá, você vir alguns macaquinhos deslizando de árvore em árvore no pomar. Bom apetite!















Casquinha de Aratu com uma farofinha esperta




















Suco frozen de acerola




















Moqueca de Peixe ao Paraíso




















Sertanejo Tropical















Pomar ao fundo















O chef Beto Pimentel e a filha, Carla

segunda-feira, julho 12

A seleção de 2014

O Blog do Ciccone propôs um exercício gostoso de se fazer: palpitar sobre a escalação da seleção brasileira pra Copa de 2014. Gostoso porque, embora tenha nego dizendo que o Brasil não vai segurar a bronca de seleções como a alemã e a espanhola, que já na África chegaram renovadas, nós temos uma turminha aí que, na minha opinião, promete. Também porque cada um de nós temos os nossos repertórios, as nossas preferências. Brincar de técnico da seleção, tendo o que temos de possibilidades, é uma dilícia!

Pra abrir o apetite: dá pra imaginar um meio campo com Ramires, Elias, Hernanes e PH Ganso? Pelamor, é o meu meio campo dos sonhos!

Então vou mandar a minha seleção e, mais abaixo, os porquês:

Júlio César, Daniel Alves, Thiago Silva, Alex Silva e André Santos; Ramires, Elias, Hernanes e Paulo Henrique Ganso; Nilmar e Neymar. Técnico: Dunga.................. Brincadeira, é Felipão, mano!

Seleção forte ou não? Viiiiixe!

Os porquês:

1- Goleiro: o Júlio César terá 35 anos em 2014, idade talvez avançada, mas pelo fato de ser disciplinado e ter atingido o auge nos últimos dois anos, eu aposto que ele consegue manter boa parte da forma atual - pra efeito de comparação, o Rogério Ceni tem 37 anos atualmente;

2- Lateral direito: cocei, quase coloquei o Maicon nessa lateral, mas não sei se ele terá daqui a quatro anos, com 33, o mesmo vigor físico que tem hoje. Ainda assim, não descarto a possibilidade. O Daniel Alves terá 31 - dois anos fazem diferença pra essa posição. Obs.: tem muita gente colocando aquele tal de Rafael, do Manchester United, nessa lateral, mas eu não conheço o futebol dele;

3- Zagueiro: acho que o Thiago Silva é quase unanimidade pra essa posição, não?

4- Quarto-zagueiro: tomando por base a seleção dessa Copa, o quarto-zagueiro seria o Luisão, que foi reserva imediato na África. Mas eu prefiro o Alex Silva. Questão de gosto mesmo;

6- Lateral esquerdo: pelo cenário atual, a coisa fica entre o Marcelo, do Real Madri, e o André Santos. Sou fã do Marcelo, que é super habilidoso, rápido, um dos únicos que se salvaram nas Olimpíadas de Pequim. Não sei por que o Dunga não deu sequência na convocação dele. Mas escolhi o André Santos (por muito pouco) porque o acompanhei mais e sei que ele é um monstro, apoia muito bem, chuta forte, tem habilidade...;

5- Volante: alguns poderão dizer que a escolha foi passional, mas vai negar que o Elias é um tremendo marcador - parece o pitbull do diabo correndo atrás do atacante -, que protege a zaga pra caramba, que sai jogando bem, tem volume de jogo, impõe ritmo, chega bem no ataque e ainda faz gols?

11- Segundo volante: assim como o Elias, o Ramires é um volante moderno, incansável, marcador, carrega muito bem a bola, em velocidade. Já deveria te sido titular na África do Sul no lugar do Felipe Maníaco do Parque de Pádua da Luz Vermelha Mello. Ps.: não consegui achar outra camisa pra ele, por isso a 11;

8- Meia: todo mundo conhece o Hernanes, então nem preciso falar muito. Mas não deixa de ser uma aposta, pois as atuações dele oscilam demais. Eu aposto;

10- Segundo meia: se alguém souber como faz pra tirar a bola do pé do Ganso, por favor clique no link "comentários", mais abaixo, e revele o segredo;

7- Atacante: Neymar dispensa apresentações;

9- Atacante: o Nilmar tem características similares às do Neymar, como velocidade e habilidade. Por isso, alguem pode dizer que só um deles deveria jogar, ficando a outra vaga pra um atacante mais matador. Mas o Nilmar não é um tremendo finalizador?

Técnico: Felipão. Felipão é Felipão. E vice-versa!


sexta-feira, julho 2

Viagem do sonho

Trocando e-mails, uma amiga e eu falávamos sobre a Chapada Diamantina, pra onde ela talvez vá em outubro, de férias. Estive lá há exato um ano, vivi dias fantásticos e fiz várias fotos lindas graças aos cenários - não a mim. Num dado momento ela perguntou qual seria a minha "viagem do sonho", um tema que eu nunca tinha pensado sobre, mesmo trabalhando com viagens.

"Olha, eu não tenho uma 'viagem do sonho'.

Mas calma, é uma questão de conceito. Explico: 'do sonho', pra mim, tem conotação daquilo que é platônico, daquele sonho de criança de ser jogador de futebol, aquela coisa meio inatingível, utópica. E agora, trabalhando com turismo, eu percebi que se a gente realmente se propuser a fazer uma viagem, no sentido de programação, planejamento, economia de grana, pra onde quer que seja, a gente viaja, pois os lugares estão aí, acessíveis...


(Pausa de alguns instantes)



(Construindo o pensamento)


Então, pra mim, a viagem do sonho não tem relação apenas com o destino, aquela coisa de 'meu sonho é ir pra Índia', 'meu sonho é viajar pra Fernando de Noronha', 'meu sonho é viajar pra Paris'. Índia, Fernando de Noronha e Paris estão aí. Acho que a minha viagem do sonho seria pra algum lugar de praia, daqueles paradisíacos, escondido em algum canto da Jamaica, naquela ilha do Pacífico, onde eu pudesse ficar confortavelmente instalado numa cabana ou numa casa de pau à beira-mar, com uma varanda, para acordar e ir me espreguiçar nessa varanda, olhando pro mar azul e pra areia branquinha, vendo os pescadores voltando do mar, tirando os peixes dos barcos coloridos, eu sem nenhum tipo de programação. Acordar, olhar pro mar, dar uns passos até a areia, me fazer entender pra algum nativo que pudesse me falar sobre algum lugar bonito para se caminhar até...

E aí é que eu acho que entra a utopia que faz dessa a minha 'viagem do sonho': eu gostaria de estar inserido nesse contexto sem estar 'preso' aos compromissos do mundo real. Ou seja, se fosse uma viagem de férias, eu saberia, lá no fundo, que dali há algumas semanas eu estaria de volta pra onde quer que fosse. Se estivesse passando um feriado prolongado, eu saberia que dali há três ou quatro dias eu estaria de volta. E na minha viagem do sonho eu gostaria de estar em total liberdade.

Será que é pedir muito? "
















Vista da minha varanda
.

terça-feira, junho 22

Encontro com o tubarão-baleia

*Publicado no blog Panrotas em Viagem

Golpe de sorte, privilégio, situação corriqueira, talvez um instante nem tão especial assim. A definição eu deixo a cargo do nobre leitor e também a você, cara leitora. Mas o fato é que no primeiro mergulho que fiz na vida, em Los Cabos (México), eu topei com um tubarão-baleia de seis metros, mais ou menos, com quem nadei lado a lado durante três, quatro, cinco minutos, a pouco mais de 12 metros de profundidade. O ocorrido se deu nas proximidades do lindíssimo arco que simboliza o destino, em águas límpidas e repletas de plantas e peixes coloridos que, na década de 70, foram chamadas por Jacques Costeau de "o aquário do mundo".















Do começo: saí bem cedo do hotel naquele dia, pouco depois das sete da manhã, na companhia das amigas comunicadoras Sarah e Mariana, que possuem experiência em mergulho e são formalmente credenciadas para tal. Chegamos à marina de Cabo de San Lucas, fomos apresentados a nossos instrutores (o meu foi o argentino Nacho) e seguimos para o barco. No mar, ancorados no ponto de mergulho, recebi as instruções do Nacho durante uns 30 minutos enquanto Sarah e Mariana, com um grupo de norte-americanos também experientes e credenciados, recebiam as orientações de um outro instrutor.















Eles caíram no mar primeiro, Nacho e eu depois, e já nos primeiros instantes embaixo d'agua eu fui me deslumbrando com aquela nova realidade que se apresentava a mim. É uma coisa doisa: você está lá, nadando lentamente, movimentos vagarosos, e de repente vão aparecendo peixes e mais peixes que você nem consegue saber de onde. Eles simplesmente aparecem, sozinhos ou em bando, os cardumes, olham para você, passam perto, por cima, por baixo. Como se tratava do meu primeiro mergulho, Nacho não síaa de perto, e, mais que isso, ia me segurando e me guiando exatamente como um cachorrinho na coleira. Pode rir, tudo bem, mas é isso mesmo: eu, deslumbrado, ia explorando aquele brave new world e ele, segurando em alguma parte do meu macacão ou do meu cilindro, não sei ao certo, ia me guiando, me apontando as direções, me dando as orientações de como lidar com a pressão que volta e meia apertava os meus ouvidos.















O que mais me impressionou inicialmente foi a coloração dos peixes. Eu nunca tinha parado para pensar sobre isso mais profundamente, mas quando via aqueles peixes cheios de cor nas lojas de aquários, pensava superficialmente que se tratava de algum trabalho de laboratório, que os bichinhos sofriam algum tipo de intervenção, sei lá, e ficavam coloridos daquele jeito para ficarem mais atraentes e, consequentemente, serem vendidos mais rapidamente (pode rir de novo, à vontade!). Mas não, eles são daquele jeito mesmo, têm cores, formas e tamanhos sem fim.






























E assim continuávamos nosso mergulho quando, do nada, mas do nada mesmo, nos vemos atrás do tubarão-baleia, a alguns poucos metros da cauda dele, que deslizava tranquilamente no mesmo sentido que nós. Olhei para o Nacho, comecei a gesticular como que perguntando "você está vendo, é isso mesmo?", e quando caiu a ficha, nossa, eu comecei a rir, a rir tanto e a fazer tanto barulho que pensei que pudesse espantar ou assustar o bicho. Que nada: o pedaço ali era dele, eu era o estranho no ninho, o mero coadjuvante, e ele continuou a deslizar com aquela tranquilidade característica dos tubarões-baleia, que eu só conhecia pela televisão.

Comecei, então, a nadar mais rápido para tentar "ultrapassá-lo" e olhá-lo de frente, pois o que eu queria não era nem tocar nele, mas sim olhá-lho no olho, ter a experiência de ficar de frente com um tubarão-baleia no habitat dele. Mas percebi que isso não iria acontecer se fosse depender da minha "ultrapassagem", já que eu não conseuia nadar mais rápido que o bicho. Só haveria possibilidade caso ele desse uma virada de 180 graus e viesse de encontro a mim. Não demorou e foi exatamente isso que aconteceu: ele se virou, e em alguns centésimos de segundo enquanto virava ficou de frente pra mim, eu consegui olhar no olho dele, a alguns pouquíssimos metros de distância, e então ele passou por nós e sumiu mar adentro.

Já me disseram que isso foi sorte de (mergulhador) iniciante, e talvez nem tenha como dizer o contrário. Mas como se tratou de um dos momentos mais especiais da minha vida, eu acho que é mais que isso. Se você, então, me perguntar o que EU acho que foi, vou te dizer que não sei, e realmente não sei. Vai além da minha compreensão. Só sei que fui muito feliz.































No link abaixo, registros da viagem ao México:

http://www.panrotas.com.br/tv-panrotas/destinos/em-recente-viagem-ao-mexico-o-reporter-alex-souza-registrou-tres-momentos-interessantes-o-relato-de-um-encontro-com-um-tubarao-baleia-em-um-mergulho-feito-em-los-cabos-uma-visita-as-piramides-de-t_1896.html

terça-feira, março 16

Dia de Indy

Eu nunca acompanhei Fórmula 1 da maneira como acompanho futebol.

Mas gosto do esporte.

Provavelmente o Senna, a quem assisti muito pela televisão durante a infância, seja um dos responsáveis por isso.

Tenho vaga lembrança, por exemplo, do GP de Suzuka de 1990, o último daquela temporada, quando o Senna jogou a Mclaren dele em cima da do Prost, assim como o francês tinha feito com ele no ano anterior, e se tornou bi-campeão.

Também lembro, com mais riqueza de detalhes, do GP de Suzuka do ano seguinte, 1991, quando o Mansell, dirigindo aquele veneno de Williams, comeu terra na primeira curva depois da reta, se não me engano, enquanto perseguia o Senna insandecidamente, parecendo um "lião", como o Galvão Bueno gostava de chamá-lo.

Outra lembrança dos "anos dourados" da Fórmula 1 foi a de 1º maio de 1994, no GP de San Marino, em Ímola, quando o Senna passou reto na curva Tamborello e bateu forte, forte. Lembro, segundos depois da batida, dele virando a cabeça pro lado esquerdo, num movimento lento, cabeça caída...

Mas foi no final de semana passado que tive minha experiência mais intensa em relação a corridas: fui a trabalho ao Anhembi, no domingo, e assisti a etapa brasileira da Fórmula Indy.

Sensacional!

Mas sensacional falando agora, depois da corrida. Porque antes eu tava fracassado, com sono, vontade de deitar, aquele sol no lombo, cerveja 6 pila...

Até cogitei pegar um táxi e vazar pra casa no meio da prova.

Devia ser começo de gripe.

Mas foi começar a corrida pro negócio mudar totalmente. Pois é impressionante como aquilo é.

Logo depois da largada, quando os carros passaram pela primeira vez na minha frente, todos eles juntos, em bloco, vixe, já subiu uma senhora adrenalina.

O barulho dos motores é um negócio impressionante que faz toda a diferença. Se os carros de corrida não tivessem o ronco que têm, arrisco dizer que assistir corrida ao vivo perderia, sei lá, 40% da graça. Porque é um barulho tão forte, uns estralos quando eles freiam, que você fica hipnotizado. Uma hipnotização que ocorre, na verdade, quando você se dá conta que esse barulho vêm de dentro daqueles carros.... carros de corrida, aqueles que você só via pela televisão, sabe? Ali eles são maiores, mais compridos, mais coloridos. E ainda têm aquele ronco!

Fascinante!

O problema é que a minha localização no autódromo não era das melhores. A cabeça da galera na frente e os alambrados atrapalhavam um pouco. E eu ainda não tinha um raio de visão muito grande, o que me impedia de ver os carros de longe, quando eles vinham, e depois vê-los ao longe, quando passavam.

Outro detalhe é que eu estava no final da reta do Sambódromo, local onde os carros já vinham em menor velocidade por causa da curva. O lugar que o bicho pegava mesmo, onde eles pisavam sem dó, era na reta construída paralelamente à Marginal Tietê. Lá o pau torava de verdade, mas não tinha arquibancada. Uma hora, no meio da corrida, eu fui a pé até ali perto, e por um vão de mais ou menos três metros de largura no muro de alumínio que eles construíram eu consegui ver os carros a mil. Meu amigo.......

Cara, ver aqueles aqueles carros hipnotizantes a mais de 300 km/h é muito foda. E ali eu vi talvez a principal cena da corrida pra mim, que foi uma ultrapassagem. Quer dizer, pelo vão de três metros deu pra ver que eles estavam lado a lado, em processo de ultrapassagem, não deu pra ver o ato consumado. Mas foi foda. A sensação que meu deu foi basicamente a mistura de duas coisas: uma injeção de adrenalina daquelas e uma euforia infantil. Sabe aquele alegria de criança, aquela euforia que ela fica quando o pai fala que vai levá-la na montanha-russa, no jogo de futebol? Eu senti a mesma coisa. E é infantil porque quando eu vi dois carros de Fórmula Indy lado a lado, numa pista relativamente estreita, a 300 km/h, eu me dei conta que quem pilota isso é gente grande, gente muito grande.

Sei dizer que, mesmo com uma série de interrupções, com o pé d'agua que caiu e com a corrida durando quase duas horas, tudo passou muito rápido. E eu ficaria outras duas horas ali fácil.

Agora eu entendo o fanatismo daqueles nego que vêm de longe, anos consecutivos, pra assistir a Fórmula 1 em São Paulo mesmo quando os pilotos brasileiros não têm chance alguma de vitória.

O negócio é intenso mesmo.

Deem uma olhada no videozinho que eu fiz.

Mas antes aumentem o volume! hehehe.



domingo, fevereiro 21

Wand vs Metallica

Wanderlei Silva e Metallica têm trajetórias semelhantes.

O Metallica apareceu pro mundo no início dos anos 80 com quatro albuns que poderiam ser a trilha sonora do Tsunami: Kill´Em All, Ride The Lightning, Master of Puppets e And Justice for All. O Wanderlei, nos primórdios do ainda chamado "Vale-Tudo", surgia como um lutador duro, confiante e completo, numa época em que boa parte dos lutadores se concentrava apenas em uma única arte marcial pra lutar o hoje chamado MMA.

O tempo passou, o Metallica amadureceu, mudou de fase e estilo e lançou o Black Album, que tirou a banda dos limites do heavy metal, no sentido de agradar a gregos e troianos, e fez com que eles vendessen milhões de discos ao longo de uma mega turnê de uns três anos. Era o auge.

O tempo passou, o Wand amadureceu, mudou de fase e começou a lutar no Pride, onde fez lutas memoráveis, como as três vitórias sobre o Sakuraba e as duas sobre o Quinton Rampage Jackson. Fora a japonesada que ele derrubava sem dó. Era o auge.

Depois do Black Album o Metallica mudou novamente, dessa vez pra pior, e lançou dois albuns fracos, o Load e o Reload, que só os fans mais fiéis conseguiram tragar, né, Hugo e Filipe Adami? Má fase.

Depois do Pride, ou melhor, com o fim dele, o Wanderlei levou um chacoalho do Dan Henderson e reestreou com derrota no UFC, numa grande luta contra um de seus principais desafetos, o Chuck Liddell. Má fase.

Uma luz no fim do túnel do Metallica se acendeu com o lançamento do Garage Inc, que trouxe covers bem legais de bandas como Motörhead, Misfits e Thin Lizzy.

Uma luz no fim do túnel do Wand se acendeu com o nocaute em cima do Keith Jardine, no UFC 84.

Depois disso o Jason saiu do Metallica, o problema de alcoolismo do James se acentuou, a banda quase entrou em parafuso e eles lançaram o discutível St. Anger.

Depois disso o Wanderlei foi nocauteado com apenas dois minutos de luta pelo Quinton Jackson, e em seguida perdeu por decisão unânime, polêmica para o público, pro Rich Franklin.

E quando a nuvem de dúvida já voltava a pairar na cabeça dos fãs do Metallica, a banda muda de produtor e decide voltar às origens com o lançamento do Death Magnetic, que também poderia ser a trilha sonora do Katrina, o mais próximo que eles poderiam chegar daqueles quatro albuns arrasta-quarteirão do início da carreira.

E quando todo mundo achava que o Wanderlei estava à beira do precipício, pronto pra dar um passo à frente, como diria o filósofo Jardel, o FDP faz uma luta ducaraleo ontem, que lembrou a época do Pride, e vence o Michael Bisping, que só não perdeu por nocaute porque foi salvo pelo congo, literalmente.

Pros fãs do Metallica e do Wanderlei Silva, como este que vos escreve, é uma satisfação imensa vê-los na pegada novamente, quebrando tudo. Mó prazer, emocionante, até.

Vida longa a estes dois fenômenos!

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Em tempo: também ontem, o Minotauro levou uma piaba que pra mim, infelizmente, mostrou que ele é um ex-lutador em atividade.... É triste chegar a essa conclusão. Sad But True.


quinta-feira, fevereiro 11

O culpado

Fui a um evento no Museu do Futebol essa semana que contou com a presença do glorioso Cafu, que não tinha muito a ver com o assunto em questão (venda de pacotes de viagens pra Copa do Mundo), mas tava lá pra dar um tchan no negócio, atrair público e mídia, aquelas coisas. Em um formato tipo sabatina da Folha, ele contou histórias da carreira, causos interessantes, interagiu, distribuiu sorrisos. Gente fina!


O momento crucial da participação dele, pelo menos pra mim, foi quando um cara da platéia trouxe à baila o fatídico “caso do meião”, aquele da Copa de 2006, quando o Roberto Carlos abaixou pra arrumar a meia e o Henry passou atrás dele, sozinho, pra marcar o gol da França que eliminou o Brasil. O 'perguntador' queria saber a versão do Cafu em relação ao lance, tendo em vista que ele era nada mais do que o capitão daquela seleção. Ótima ocasião pra fazer a pergunta, afinal, evento oba-oba, sem a presença da grande imprensa, pouca gente, quatro anos depois...


O Cafu respondeu que em escanteios e faltas perigosas como aquela, cada jogador sabia exatamente onde estar e a quem devia marcar.


- E o Roberto Carlos tava na posição que estava pra pegar um possível rebote e puxar o contra ataque. Mas justamente naquele momento ele abaixou pra puxar aquele bendito meião e acabou sendo taxado como culpado.


Puts, nessa hora eu ouricei total, porque pensa comigo: se cada jogador sabia exatamente aonde estar e a quem marcar, e o Roberto Carlos, pelo o que o Cafu disse, não tava ali pra marcar ninguém, e sim pra puxar um possível contra-ataque, então quem deveria estar marcando o Henry? Quem deveria? Quem? O real "vilão" da história foi outro então? Quem? Quem? Mas aí as perguntas foram encerradas e o evento teve sequência.


Fiquei numa pilha só, não me aguentava na poltrona. Pô, o Cafu contou um puta milagre, e será qué só eu ali fiquei doido pra saber o nome do santo? Parecia que sim. Mas nem a pau que eu voltaria pra casa sem saber quem era o jogador que devia estar marcando o Henry.


No final, todos os presentes ganharam um kit com uma bola de futebol e mais uns badulaques sem expressão, e o Cafu ficou à disposição pra autografar as bolas. Há, era a hora! Esperei todo mundo ir lá, pegar autógrafo, e quando a muvuca passou, quando ele tava saindo pra ir embora, eu cheguei com o pretexto do autógrafo.


- Assina pra mim, Cafu?


- Claro – e escreveu na bola o tradicional “Do amigo Cafu”.


Por que todo jogador escreve “do amigo” nos autógrafos?


Quando ele me devolveu a bola e olhou pra mim esperando o óbvio ‘obrigado’, eu mandei:


- O Cafu, e quem é que deveria estar marcando o Henry lá?


- Esquece isso – ele respondeu, com aquele sorriso de morcego característico dele.


Não desisti.


- O loco, Cafu, falaí.....em off, vai!


- Em off? Olha o que tem de gente aqui – ele respondeu, já virando e começando a andar pra ir embora, cercado por aquele bando de puxa saco, aqueles nego com cara e trejeito de pagodeiro que tão sempre junto com jogador de futebol.


Mas.....nem a pau que eu sairia dali sem saber o que eu precisava saber.


Insisti.


- Ah, Cafu... falaí, meu!


Com uma cara de piedade, ele virou pra trás e disse:


- Era pra ser um zagueiro alto.


Meu olho brilhou...


- O Lúcio?


- Era pra ser um zagueiro alto.


quinta-feira, fevereiro 4

Os xiitas

Em 2007, eu e o Ciborg fomos num fatídico Corinthians e Palmeiras no Morumbi, pelo campeonato paulista daquele ano. Um puta jogão pra eles, infelizmente, em que o Edmundo guardou dois e o Valdívia jogou horrores, destroçando a costela de craques como Magrão e Marcelo Mattos. O jogo terminou três a zero pro Parmera mas, ainda assim, foi legal ter estado lá e visto a tragédia in loco, conforme escrevi aqui.

Na época, seguindo uma tendência mundial, o Corinthians tinha acabado de lançar um terceiro uniforme, predominantemente roxo, que fugia totalmente do padrão alvi-negro tradicional. Os Gaviões da Fiel, que bem podiam ser os "xiitas das fiel", não gostaram nada história, afinal, "o Timão é tradição", tradição do preto e branco, e vir com esse negócio de roxo não tem cabimento. Resultado: o bafafá que ouvimos durante o jogo foi que os Gaviões tavam dando uns "pé da oreia" dos corinthianos que chegavam com a camisa roxa na laranja, setor que os xiitas ficavam quando o Corinthians jogava no Morumbi.

No começo do ano, mais um episódio do rancor gavião contra terceiros uniformes roxos: na apresentação do Roberto Carlos, com seis mil corinthianos na Fazendola, eles mandaram da arquibancada um criativo "roxo é o caraaaalho, o preto e branco é a cor do centenário". Maravilha. 

Essa semana o Corinthians lançou uma nova versão do terceiro uniforme, em homenagem ao centenário do time: calção preto e camisa também preta, só que com uma cruz roxa no meio - cruz que, pelo que li em algum lugar, não sei se procede, representaria a cruz de São Jorge, padroeiro do time.  Como forma de protesto pelo uso do roxo, os Gaviões foram à casa do gerente de Marketing do Corinthians, depredaram algumas janelas e jogaram tinta roxa na parede da casa do fulano. 

Xiitismo pouco ou não? 

Eu sou mó fã de festa de torcida em estádio, curto a postura dos Gaviões na arquibancada (em relação a incentivar o time e tal, não a dar porrada em quem vai de camisa roxa), embora tenha lá minhas críticas em relação às músicas que eles cantam, muitas das quais eu canto junto, inclusive, mas depredar a casa do cara é pacabá! Nego é pouco cabeça de bagre? 

Aqui, mais um pouco da insatisfação de parte da torcida em relação ao novo uniforme.

sexta-feira, janeiro 15

Os brasileiros de hoje

A crônica do Ignácio de Loyola Brandão no Estadão de hoje, "Reencontros na manhã bonairense", foi escrita de Buenos Aires. Ele conta uma historinha, fala de uns lugares que foi por lá, sugere outros, e no último parágrafo faz uma relação bacana entre os brasileiros de hoje, "cheios de autoestima", e os americanos de ontem.

"Se você quer ver brasileiros, cheios de 'autoestima' por causa de nossa situação econômica, e repletos de arrogância, passe pela Florida, pela Galeria Pacifico, Avenida Santa Fé ou shopping Alcorta. Viajantes mais antigos lembran-se do quanto criticávamos e odiávamos os americanos em viagem, prepotentes e querendo que o mundo falasse inglês. Pois, convencidos e presunçosos, alguns grosseiros mesmo, estamos no tornando os novos americanos no mundo".

sexta-feira, agosto 21

Como pôde?

Pelo espaços vazios ao redor, pelas avenidas largas e pelo clarão produzido pelo sol forte, deduzo que andávamos por uma das ruas de Brasília, a gloriosa capital federal. Caminhávamos eu e um político que não vi o rosto e que, momentos antes, tornara pública sua posição contrária à permanência do coronel maranhense na presidência do Senado.

O telefone dele toca, ele atende, era o próprio Sarney, berrando todos os tipos de impropérios possíveis. "Você não tem dignidade, como pôde?", "Indigno, indigno!".

Abro o olho, viro pro lado, vejo o despertador: 3h12 da matina. Dou aquela golada na garrafa de água. Será que sonhei ou pesadelei?


quarta-feira, julho 1

Fargo

Motivado principalmente pela opinião de uma amiga, que considera Fargo o melhor filme dos irmãos Cohen, fui à locadora ontem à noite atrás dele. Fui com a expectativa lá em cima, pois se Fargo é melhor que O Grande Lebowski, O Homem que Não Estava Lá e Onde os Fracos Não Têm Vez, os outros três dos brothers que assisti, e curti pacas, então trataria-se de um puuuuta filme.

Cheguei na locadora e minha expectativa aumentou ainda mais quando perguntei pro carinha se o filme tava disponível. Ele disse que sim, e mandou: "É um dos melhores dos irmãos Cohen...". Puts, mais um me dizendo isso!

Aluguei, assisti e fiquei relativamente frustrado. Não que o filme seja ruim não, gostei, mas pelo que haviam me falado eu me senti meio que um E.T. por não ter achado tuuuuuudo aquilo. Me senti mais E.T. ainda quando fui procurar críticas na internet e vi que, além de diversos elogios fervorosos, Fargo ganhou uma série de prêmios e foi indicado para outros tantos.

Só fui voltar a me sentir terráqueo quando li a crítica de Pablo Villaça, no cinemaemcena.com.br. Ele, assim como eu, criou uma tremenda expectativa em função daquilo que tinha ouvido falar, e acabou se frustrando um pouco. "Ficou aquém do que eu esperava. Tudo bem: em parte a culpa foi minha. Eu sempre evito ler comentários sobre um filme antes de assisti-lo, a fim de não formar idéias preconcebidas, e desta vez acabei não fazendo isso. E como todas as críticas que li sobre Fargo lhe faziam os maiores elogios, acabei criando uma expectativa muito grande. Assim, por comparação com o que eu esperava, o resultado me decepcionou".

Faço minhas as palavras do Pablo!

Semelhanças

Uma coisa que a mim chamou a atenção foram algumas semelhanças entre Fargo e Onde os Fracos Não Têm Vez. Vejamos: as histórias dos dois filmes se passam em pequenas cidades, em dois 'desertões', uma no desertão da fronteira com o México e a outra também em um desertão, só que de neve (dá pra falar isso, deserto de neve? rs...), acredito que lá pro norte dos EUA; ambos têm um personagem que se destaca pela frieza com que mata e pelos modos, digamos, bárbaros com que pratica os homicídios - estes dois personagens, aliás, cometem pelo menos um crime idêntico: estão de carro na estrada, o carro de polícia liga a sirene atrás, eles param no acostamento, o policial vem a eles e, depois de alguma conversa, leva chumbo; os dois filmes terminam com reflexões sobre o ser humano por parte dos oficiais de polícia que investigam os crimes.

Semelhanças à toa? Talvez, né?