terça-feira, dezembro 19

Emails dos deputados

Logo abaixo, tirados do Nababu, os nomes e emails dos 26 parlamentares que decidiram pelo aumento de 91% nos salários dos senadores e deputados. O salário mínimo lutando pra subir 25 reais e os caras aumentando os próprios vencimentos em mais de 12 mil. Até deputado de partido dito comunista apoiando a medida...
Vamos importuná-los:

* Aldo Rebelo (PC do B-SP) - dep.aldorebelo@camara.gov.br
* Renan Calheiros (PMDB-AL) - renan.calheiros@senador.gov.br
* Ciro Nogueira (PP-PI) - dep.cironogueira@camara.gov.br
* Jorge Alberto (PMDB-SE) - dep.jorgealberto@camara.gov.br
* Luciano Castro (PL-RR) - dep.lucianocastro@camara.gov.br
* José Múcio (PTB-PE) - dep.josemuciomonteiro@camara.gov.br
* Wilson Santiago (PMDB-PB) - dep.wilsonsantiago@camara.gov.br
* Miro Teixeira (PDT-RJ) - dep.miroteixeira@camara.gov.br
* Sandra Rosado (PSB-RN) - dep.sandrarosado@camara.gov.br
* Coubert Martins (PPS-BA) - dep.colbertmartins@camara.gov.br
* Bismarck Maia (PSDB-CE) - dep.bismarckmaia@camara.gov.br
* Rodrigo Maia (PFL-RJ) - dep.rodrigomaia@camara.gov.br
* José Carlos Aleluia (PFL-BA) - dep.josecarlosaleluia@camara.gov.br
* Sandro Mabel (PL-GO) - dep.sandromabel@camara.gov.br
* Givaldo Carimbão (PSB-AL) - dep.givaldocarimbao@camara.gov.br
* Arlindo Chinaglia (PT-SP) - dep.arlindochinaglia@camara.gov.br
* Inácio Arruda (PC do B-CE) - dep.inacioarruda@camara.gov.br
* Carlos Willian (PTC-MG) - dep.carloswillian@camara.gov.br
* Mário Heringer (PDT-MG) - dep.marioheringer@camara.gov.br
* Inocêncio Oliveira (PL-PE) - dep.inocenciooliveira@camara.gov.br
* Demóstenes Torres (PFL-GO) - demostenes.torres@senador.gov.br
* Efraim Moraes (PFL-PB) - efraim.morais@senador.gov.br
* Tião Viana (PT-AC) - tiao.viana@senador.gov.br
* Ney Suassuna (PMDB-PB) - ney.suassuna@senador.gov.br
* Benedito de Lira (PL-AL) - dep.beneditodelira@camara.gov.br
* Ideli Salvatti (PT-SC) - ideli.salvatti@senadora.gov.br

quarta-feira, dezembro 13

Algumas

Aumento pro legislativo

Que bom se pudéssemos escolher quanto ganhar de salário. Ou melhor, que bom se pudéssemos escolher para quanto nosso salário vai subir. Pois é, enquanto tramita no parlamento um projeto que pretende aumentar em R$ 25 o salário mínimo, os deputados e senadores trabalham para aumentar o próprio salário. Aumentar em R$ 25? Não, aumentar R$ 11.800, dos atuais R$ 12.800 para R$ 24.600. Tá bom vai, tudo bem, existe a possibilidade do aumento ser de apenas R$ 3.700. Hoje, talvez pela primeira vez, eu concordei com uma opinião da Lucia Hopólitto, comentarista da CBN, que disse que o congresso tá parecendo um sindicato de deputados. E olha que o presidente da câmara é comunista...

Apreensões

Vejo no Diário de hoje que a Receita Federal e a Secretaria da Fazenda apreenderam duas toneladas de mercadorias piratas, avaliadas em R$ 700 mil, no Stand Center e em outras lojas do gênero, como o Shopping 25, na 25 de março. Todo fim de ano é a mesma coisa: os tais órgãos fazem a festa nesses lugares. Estão certos, afinal, é Natal, Ano Novo, o pessoal lá de casa quer video game novo, computador novo, por que não uma tevezinha de plasma nova? Tevê de plasma é o que tá pegando no momento. Imagina jogar um Winning Eleven num plasma de 40 polegadas. La Bombonera total! Lembro que no ano passado eles fizeram uma dessa no Promo Center, na Augusta, e disseram que dali não sairia mais coelho. Acabou virando uma cartola de mágico novamente.

terça-feira, dezembro 12

Não ao boicote!

Uma das polêmicas do momento gira em torno de um email que circula pela internet pedindo boicote ao filme "Turistas", em cartaz nos EUA desde o início do mês. Pra quem não sabe, o longa foi filmado no Brasil e conta a história de seis jovens americanos que resolvem passar as férias na terra das praias paradisíacas, do futebol, do samba e das belas e fogosas mulheres. Aqui chegando, a turma se diverte a valer com os nativos: muita descontração, caipirinha e "boa noite, cinderela".
Pois é, a folia toda acaba quando eles levam o golpe do "boa noite, cinderela" numa balada pé-na-areia. Acordam na praia, sem passaportes, cartões e dinheiro. Pedem ajuda e acabam sendo vítimas de uma quadrilha de traficantes de órgãos. Ai, ai, ai, que meda!
No tal email, e também em um abaixo-assinado que pede a proibição da veiculação do filme, os principais argumentos utilizados falam que o filme pode prejudicar o turismo no Brasil e que nós não podemos dar um centavo sequer a uma obra que visa denegrir a imagem do Brasil no exterior - clique aqui para um "video" que pede boicote.
Por partes: deixei um recado no orkut da pessoa que criou o email de boicote. É uma baiana que vive do turismo, já que é dona de uma pousada no interior da terra do Jorge Amado.

- O Brasil precisa tanto dos turistas "cabeças", aqueles que sabem diferenciar a realidade da ficção, quanto dos "não cabeças", que acham que o Brasil é apenas futebol, samba e mulher - a baiana me respondeu no orkut.

Acho que ela tem toda razão, realmente o Brasil precisa tanto dos turistas minimamente inteligentes quanto dos desprovidos de inteligência. Acontece que o cinema não pode pagar o pagar pela jumentice alheia, "a arte não pode pagar o preço da ignorância", me disse o Hugo, mesmo que nesse caso a arte seja representada por um filme aparentemente tosco.
"Por favor, passem a mensagem para que um filme como este, que transmite uma imagem extremamente negativa sobre o nosso país, seja boicotado". Como somos hipócritas, não? Essas pessoas deveriam boicotar os sequestros, assaltos, "boa noite, cinderelas" e o tráfico de órgãos, temas fantasiosamente retratados no filme mas que todos sabemos que ocorrem em abundância por aqui.
Quem quiser saber mais, compre o Diário de quinta-feira. Tem matéria minha entrevistando a presidente da Embratur, o diretor geral da Paris Filmes e um crítico especializado em filmes de terror.

terça-feira, novembro 28

Max e o Sepultura

Passei boa parte do tempo vendo alguns videos da banda que foi minha favorita dos 13 aos 19 anos, mais ou menos. E ainda hoje, com 24, eu me arrepio e me sinto bem vendo o Sepultura de antigamente, da época do Chaos A.D., 1994, quando os urros do Max fluíam com facilidade e a energia da banda estava a mil, no auge. Pena que na adolescência as letras desse album não me influenciavam, assim como pouca coisa na época. Pô, as músicas do Chaos A.D. são atualíssimas, peguemos alguns trechos que me vêm à cabeça:

Territory:

"Choice control behind propaganda
Poor information TO MENAGE YOU ANGER
War for territory, war for territory"


Propaganda:

"You think you have the right to put me down
Propaganda hides your scum
Face to face you don't have a word to say
You got my way, now you have to pay
DON'T, DON'T BELIEVE WHAT YOU SEE
DON'T, DON'T BELIEVE WHAT YOU READ"


Refuse Resist:

"Chaos A.D, tanks on the streets
confronting police, bleedding the pleebs
RAGING CROWD, BURNING CARS
BLODSHEED STARTS, WHO'LL BE ALIVE?
Refuse/Resist"



Depois do Chaos A.D. veio o Roots, em 1995, e o Sepultura continuava arregaçando no palco. Pra gravarem o Roots, os caras passaram vários dias convivendo diretamente com a tribo Xavantes, no Mato Grosso do Sul, de onde trouxeram várias influências que foram utilizadas na músicas do album. Usaram berimbau, mostraram a Bahia nos clipes, rodas de capoeira, coisas bem Roots, bem brasileiras. O resultado dessa mistura toda foi o sucesso mundial destruidor por conta de músicas como Roots Bloody Roots, que o Moby tocou no show dele em São Paulo. Veja o que o contato com a raiz fez:

Roots Bloody Roots:

"I believe in our fate, WE DON'T NEED TO FAKE
It's all we wanna be, watch me freeeeeak
I SAY, WE'RE GROWING EVERY DAY
STRONGER IN EVERY WAY
I'll take you to a place, where we shall find our
ROOTS"

Attitude:

"WHAT WERE YOU THINKING? WHAT A WONDERFUL WORLD?
YOU'RE FULL OF SHIT
Leave it behind, they don't care if you cry, all is left is pain
Can you take it?"


Hoje, o Max tá mandando ver toda a criatividade dele no Soulfly, que eu não sou muito fã, ou um fâ em potencial, talvez. O Sepultura vai definhando a cada dia, infelizmente. Como fazem falta, juntos, Max, Igor, Andreas e Paulo. Será que conseguiremos vê-los juntos novamente? Eu estarei lá!

terça-feira, novembro 21

Brasil vs China

Comparações entre os crescimentos econômicos de Brasil e China são comuns nas discussões de ultimamente. Elas foram usadas, inclusive, na recente campanha à presidência da república por um dos candidatos levados ao segundo turno.
Dizem alguns que, enquanto países como China e India crescem 10% ao ano, o Brasil cresce míseros 2%, quiçá 3%. O que essas pessoas se esquecem, no entanto, é que o crescimento das nações asiáticas se dá às custas da devastação do meio ambiente, dos elevadíssimos índices de poluição e do pagamento de salários de m. para trabalhadores que atuam até 14 horas por dia e têm poucos ou nenhum direito trabalhista. Logo, fica a pergunta: será que vale a pena crescer desta concentrada e elitista maneira?
Andando pelo blog do escriba Jorge, me linquei a uma matéria da BBC Brasil que fala do lançamento do livro "O Brasil visto por dentro", escrito pelo indiano Vinod Thomas, diretor do Banco Mundial. Na obra, Thomas diz que "se a China continuar crescendo 10% ao ano, só dentro de dez anos vai alcançar o Brasil (em PIB per capita)”.

Outro trecho:

"Segundo Thomas, o Brasil não precisa olhar para a Índia ou para a China como exemplos para o crescimento, porque pode procurar os exemplos internamente.

'Apesar do crescimento global de 2% a 3%, há Estados no Brasil que têm crescido como a China ou a Índia. Um ponto muito interessante para mim é que os Estados mais pobres têm crescido muito mais do que os mais ricos. No Brasil, quem cresce a 5%, 6%, 7% ou 8% são os Estados do Nordeste. Há clima de investimento e políticas dos governadores que apóiam o investimento do setor privado.'

'Na China e na Índia, os Estados que têm crescido mais são os mais ricos. No Brasil, o crescimento dos Estados do nordeste representa uma distribuição da riqueza.'


Para Thomas, isso representa uma vantagem do Brasil em relação às duas potências asiáticas já que a concentração do crescimento pode gerar tensões que ameacem a sustentabilidade do ritmo de desenvolvimento da economia".

quinta-feira, novembro 9

As derrotas de Bush

A mesma ocupação do Iraque que garantiu a reeleição do Bush em 2004 foi a responsável pela derrota do partido dele nas disputas pelo senado e pela câmara americanos. A expectativa, agora, é que a conduta dos políticos daquele país em relação à "guerra" seja mais, digamos, moderada. Se isso realmente vai acontecer, só os próximos meses irão dizer.
Interessantes são algumas declarações dadas pelo Walker na coletiva que sucedeu a derrota. Na primeira, ele praticamente admite o fracasso ocorrido na terra do futuro finado, Saddam Hussein. Nas outras duas, ele mostra o quão falso hijo de puta consegue ser.

"Reconheço que muitos americanos votaram na noite passada para registrar seu descontentamento com a falta de progresso lá (Iraque). Porém, eu também acredito que a maioria dos americanos dos dois partidos políticos entende que não podemos aceitar a DERROTA".

"A eleição mudou muitas coisas em Whasington, mas não mudou minha responsabilidade fundamental, que é a de proteger o povo americano de um ataque". Pode?

"Eu gostaria que nossos soldados voltassem para casa, mas quero que eles voltem com uma vitória".

quarta-feira, novembro 8

Emir Sader

Acabo de conhecer o blog de um cara que, confesso, tinha poucas ou nenhuma referência. Que vergonha. Esse cara é o Emir Sader, cientista social, professor e colunista da agência de notícias Carta Maior, que recentemente ganhou destaque na mídia pela condenação que recebeu em função de um processo movido pelo senador Jorge Bornhausen, do PFL.
Em agosto, contando com uma eventual vitória de Alckmin nas eleições, Bornhausen disse que estaria livre dessa "raça" pelos próximos 30 anos - a tal "raça" seria o PT. Em artigo publicado na Carta Maior, Sador chamou o senador de racista. Daí o motivo do processo, que resultou na condenação do sociólogo à perda de seu cargo de professor na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e a um ano de detenção, em regime aberto, conversível à prestação de serviços à comunidade. Um abaixo-assinado em solidariedade a Emir foi criado e já conta com mais de dez mil nomes, incluindo gente como Chico Buarque e Oscar Niemeyer. Se você quiser assinar, clique aqui.
No blog, o esquerdista Sader faz uma série de análises que nos ajudam a driblar o discurso predominante da grande mídia. Ah, os blogs! São eles que nos salvam. Vale muito a pena conferir.


segunda-feira, novembro 6

Ensinamento das escolas do futuro

Se ainda houver humanidade daqui a uns 120 anos, as escolas poderão ensinar aos alunos que pelo Brasil passaram três modelos de escravidão, aqui chamadas de Pré-Arcaica, Arcaica e Moderna.
A Escravidão Pré-Arcaica, dirão, começou a ser vivida nos anos que sucederam a ocupação branca do país, em 1.500. Foi uma época que, numa cruel sede colonizadora, os europeus chegaram à América trazendo consigo a pólvora, e com ela o quase extermínio dos humanos aqui encontrados.

- Mas professora - poderá peguntar um aluno - quando teve início o primeiro tipo de escravidão?
- Teve início quando os brancos resolveram escravizar os nativos, que não aguentavam a escravidão por muito tempo e morriam pelo desgaste físico, pelas doenças trazidas pelos colonizadores e por tristeza. Eram chamados de preguiçosos pelos escravizadores...

Tendo em vista que os escravos pré-arcaicos não vinham correspondendo às expectativas, os brancos começaram a pensar em outras possibilidades. A melhor delas foi excursionar à Africa e arrancar os negros que lá viviam para fazê-los trabalhar à força no Novo Mundo. Tem início a Escravidão Arcaica.

- No século 19 - dirá a professora - uma princesa chamada Isabel determinou o fim da Escravidão Arcaica. Os negros estavam livres novamente. Mas imaginem vocês, aluninhos, que eles estavam sem terras para plantar, sem casa para morar e aculturados. A solução encontrada por muitos foi voltar à subserviência dos senhores.

Eis que em meados do século 20 tem início a Escravidão Moderna.

- A Escravidão Moderna foi abolida há pouco mais de trinta anos, vocês ainda nem tinham nascido. Nela, o escravo deixa de não ganhar nada pelo trabalho realizado e passa a ser recompensado financeiramente.
- Mas professora, se eles recebiam pelo trabalho, por que eram escravos?
- Porque, assim como nos dois momentos anteriores de escravidão, os escravos modernos trabalhavam demais. Recebiam de menos, pouco, muito menos que o justo. Os negros arcaicos não ganhavam nada e moravam em senzalas, enquanto os senhores ganhavam muito e moravam nas casas-grande. O escravo moderno ganhava pouco e morava nos morros e nas periferias, enquanto os patrões ganhavam 100, 200, 300, 1.000 vezes mais e se esbaldavam nas mansões e prédios de luxo.

A professora prosseguirá:

- Aquilo que a sociedade do passado chamava de classe média, uma parcela da população que não era nem rica nem pobre, era como os capatazes do período arcaico. Os capatazes não eram escravos nem senhores, mas odiavam os escravos e cultuavam os senhores.

quarta-feira, novembro 1

O tom do verão

Findadas as eleições, a bola da vez estão sendo as acusações de que o governo, seguidamente, viria tentando intimidar o trabalho da imprensa. Há dois dias, militantes do PT teriam hostilizado e agredido com bandeirinhas alguns jornalistas que estavam trabalhando na frente do Palácio da Alvorada. Ontem, em sua coluna na Folha, Renata Lo Prete escreveu que o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, teria dito que a imprensa deveria "pedir desculpas" pela cobertura feita ao longo das eleições.
Também recentemente, um delegado da Polícia Federal, durante depoimento de cinco repórteres da revista Veja à instituição, teria dado qualidade de suspeito aos jornalistas, que estavam ali na condição de testemunhas. A oposição tratou a suposta intimidação como um "risco à liberdade de imprensa". A OAB "condenou" o suposto acontecimento.
A violência, pra mim, tem que ser condenada sempre, e os militantes do PT erraram feio se realmente agrediram os jornalistas. Renata Lo Prete mentiu quando falou da suposta afirmação do presidente do PT. Numa matéria publicada na mesma Folha, há apenas algumas páginas à frente, vemos que Marco Aurélio Garcia disse que a imprensa deveria fazer uma auto-reflexão sobre a cobertura das eleições, não pedir desculpas por ela.
Em se tratando de Veja, e ainda mais com as "condenações" da oposição e da OAB, fica difícil acreditar que o tal delegado realmente intimidou os repórteres. "Intimidações à liberdade de imprensa": esse é o tom da moda!

segunda-feira, outubro 30

O que eu espero

Se não tivesse justificado, eu teria votado no presidente reeleito. Já disse em outro post que, na minha opinião, os grandes problemas do país - fome e miséria - só serão resolvidos com medidas de longo prazo. Contudo, se você não der comida pro faminto e renda pro miserável (um é o outro, na verdade), medidas de curto prazo, eles não terão condições de sentar na sala de aula e de alugar a força de trabalho. Por isso eu teria votado no Lula, por ele ter implantado os tão criticados Fome Zero e Bolsa Família: formas mínimas de distribuição da tão concentrada renda brasileira.
Agora que as medidas de curto prazo foram tomadas, que o peixe foi dado, chegou a hora de investir nas soluções de longo prazo: emprego e educação, principalmente. Chegou a hora de ensinar a pescar. É isso que definitivamente vai incluir o excluídos e diminuir o abismo entre os poucos com muito e os muitos com pouco. É isso que eu espero do governo reeleito.

quinta-feira, outubro 26

Jornalismo

Assim como a Mãe Diná, o Estadão está vendo o futuro. Até aí, tudo bem. O problema é publicar matéria sobre tais visões como se elas fossem fatos. Atentem-se: suposições, visões e premonições são apenas suposições, visões e premonições.

Título de uma das matérias da edição de hoje, 26 de outubro:

"Lorenzetti vai admitir que queria dossiê, mas de graça".

Trechos da matéria:

"Jorge Lorenzetti (...) afirmará aos deputados..."
"A versão seguirá o mesmo roteiro..."
"Lorenzetti dirá aos parlamentares..."
"Segundo afirmará o churrasqueiro..."

Mais um pouco:

"Lorenzetti dirá que ouviu dos emissários que haveria..."
"Lorenzetti dirá ainda que os dois..."
"Lorenzetti afirmará que descartou..."
"Mais uma vez ele dirá..."
"Assim, ele sustentará..."
"Também dirá que..."

Essa é a nova maneira de se fazer jornalismo!

terça-feira, outubro 24

De lá e de cá

Primeiro, petistas chamaram Geraldo Alckmin de Pinochet, o ditador chileno. Diziam que só mesmo um regime ditatorial seria capaz de solucionar tão rapidamente os casos investigados pelas instituições. Agora, tucanos chamam petistas de nazistas. Dizem que a máxima do ministro da propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, "uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade", vem sendo usada pelos governistas nas críticas às privatizações já realizadas e às que viriam a rechear o mandato alckimista.

quinta-feira, outubro 19

Outra tese, melhor

Sugeri, dois posts abaixo, que o crescente desempenho lulista nas pesquisas deve-se ao aparecimento mais constante do presidente nos debates e entrevistas corridas, ao vivo. Em sua coluna na Folha de hoje, Janio de Freitas levanta uma tese mais pertinente que a minha, a de que o sapão vem sendo beneficiado pelos votos migrantes de Heloísa Helena e dos eleitores esquerdistas de Cristovam Buarque. Ora, "em quem votariam tais eleitores senão em Lula, sendo eles parte do segmento de mais firme consciência política no eleitorado?". O antigo PCB, diz Janio, aderiu à candidatura Alckmin devido à "velha gana anti-Lula e anti-PT (...) Ao que mais seja ainda chamado de esquerda só resta invalidar o voto ou engrossar o índice de Lula".

quarta-feira, outubro 18

O criminoso e a prova do crime

Estação Liberdade do metrô. Alex interrompe sua leitura devido à proximidade da estação Sé e coloca a prova do crime sobre o colo. De canto de olho, o Anônimo sentado no assento ao lado lê os escritos da tal prova. Estupefato, Anônimo ameaça olhar, também de canto de olho, para o rosto do criminoso. Desiste.
"Estação Sé, desembarque pelo lado esquerdo do trem", anuncia o maquinista. Alex levanta, Anônimo também: momento ideal para que o segundo possa olhar no olho e vislumbrar o rosto do criminoso. É o que acontece. As portas se abrem. Alex vai para um lado e o Anômino segue para o anonimato.

A "prova do crime" é a revista CartaCapital. Os "escritos", a manchete de capa (A trama que levou ao segundo turno) e o subtítulo (A partir da trapalhada do PT, a mídia, em especial a Rede Globo, beneficiou o candidato tucano de forma decisiva, às vésperas das eleições presidencias, com a divulgação das fotos do dinheiro e a ocultação de informações cruciais na cobertura do escândalo do dossiê).

Apareça e levarás

Foi só depois do aparecimento mais constante (e não editado) do presidente Lula na mídia que seu desempenho nas pesquisas passou a crescer continuamente, embora, desde o início da corrida eleitoral, ele esteja na frente nas intenções de voto. Assim, seu desafio sempre foi manter o posto. O de Alckmin, bem mais difícil, é tirar votos do sapão e trazê-los para si.
Lula, ao longo dos quase quatro anos de governo, evitou entrevistas coletivas, de estúdio e os dois primeiros debates. A imagem que muitos fizeram dele acabou sendo moldada pelas matérias editadas da grande e facciosa mídia brazuca.
Quando resolveu aparecer num debate ao vivo, de quase três horas, nas entrevistas das principais rádios e no programa Roda Viva, seu indíce nas pesquisas apenas subiu. Subiu na primeira pesquisa pós-debate - o mesmo debate que a grande imprensa atribuiu vitória ao tucano - e subiu na pesquisa Datafolha divulgada hoje. Coincidência?

quarta-feira, outubro 11

O contraste

No domingo, infelizmente, acabei pegando o debate a partir do terceiro bloco. Ao final, fiquei satisfeito. Conclui que houve um empate técnico, embora, talvez por ser contrário ao PSDB, tenha achado que o Lula levou ligeira vantagem. Penso que o sapo barbudo foi convicente nas réplicas, tréplicas e respostas às duras perguntas do picolé. Achei, contudo, que o petista deu uma bela titubeada quando perguntado sobre as supostas privatizações previstas pelo tucano em seu plano de governo. Também achei que o Alckmin foi bem. Trouxe à tona a questão da corrupção disparando a metranca giratória na direção do até então blindado (não pela mídia) presidente.
Nos dois dias seguintes ao debate, li nos jornais e ouvi no rádio opiniões que contrastavam bastante com a minha. Editorial da Folha, coluna do Clóvis Rossi, comentários da CBN de Arnaldo Jabour, Mirian Leitão e ...... Lúcia Hippólito - como tenho aversão a essa mulher; pra quem não lembra, ela fez parte das "Meninas do Jô", atração já extinta do programa do quibe às quartas-feiras. Mas minha antipatia por ela ocorre por outros motivos. Enfim, todas essas pessoas diziam que o Alckmin foi o dono do debate, que sua postura firme desnorteara o presidente, principalmente nos dois primeiros blocos, justamente aqueles que eu não havia assistido. "Cacete, preciso ver esses blocos de algum jeito", pensava eu. Recorri ao bom e "velho" You Tube, onde achei apenas o primeiro. Nele, novamente vi um equilíbrio grande entre os dois candidatos, com Alckmin mandando ver nas perguntas e Lula se saindo bem nas respostas. Assim, de onde aqueles jornalistas tiraram que o Alckmin foi tão superior ao Lula? O Mino Carta e o Escriba Jorge, no excelente texto "Nas cordas e vencendo", compartilham da minha opinião.
Hoje, a primeira pesquisa pós-debate publicada pela Folha mostrou que o Alckmin caiu e que o Lula subiu, inclusive "entre os eleitores mais escolarizados e de maior renda, justamente os segmentos onde a audiência e o acesso às repercussões do debate foram maiores". Ué, mas o picolé Exterminador não havia dado show no sapo Smeagol?
Pelo jeito, a visão dos (de)formadores de opinião andam contrastando bastante com aquilo que vêem os reles mortais. Como diz o novamente citado Mino, vivemos diante da mídia mais facciosa do mundo.

Ps.: 0 Alckmin diz que, se eleito, vai chamar a responsabilidade pra si e virar o capitão da luta contra o crime. Nesta entrevista ao programa Dateline, da tevê australiana SBS, a responsa não foi chamada.

quarta-feira, outubro 4

Intolerância política

Se você milita por algum partido político, é filiado, participa das manifestações, encontros e debates dele, é até entendível que você seja, digamos, intolerante em relação aos partidos e canditados que se opõem à sua agremiação. Entendo, não concordo. Mas se você não tem filiação partidária e fica com a bunda na cadeira o dia inteiro sem fazer nada para melhorar o lugar onde vive, por que você é tão intransigente e extremista em relação às posições políticas contrárias às suas? Use sua energia e faço algo pelo país, ao invés de apenas trabalhar democraticamente de quatro em quatro anos!

sexta-feira, setembro 15

Rogério Ceni e o meu presente

O Rogério Ceni tomou atitudes inusitadas ontem, no Morumbi, depois da derrota que sacramentou o tri-vice campeonato do São Paulo na temporada. Inusitadas para não falar anti-desportiva e desrespeitosa.
Primeiro, o fato: o empate de 2x2 contra o Boca Juniors garantiu o título da Recopa aos argentinos, que ganharam o primeiro jogo, em Buenos Aires, por 2x1. Os hermanos venceram na bola e empataram na bola, não no apito. Sendo assim, nada explica a atitude do goleiro, que logo após ter recebido a medalha de prata tirou-a abruptamente do pescoço, como se ela nada representasse. Será que se o São Paulo tivesse ganho o primeiro jogo e empatado o segundo, ambos na bola, como fez o Boca, ele teria feito o mesmo?
Esta foi a atitude anti-desportiva. A pior, a desrespeitosa, veio em seguida: Rogério chegou perto do fosso que separa a arquibancada do campo e atirou a medalha pra torcida são-paulina. Presumi-se pela primeira atitude que o prêmio pela segunda colocação não vale nada pro goleiro, não representa coisa alguma. "Toma aí, torcedor são-paulino! Fique com este objeto que pra mim não vela nada, por isso me desfaço dele. Pra vocês pode representar alguma coisa".
Atitudes Rogério Cenísticas à parte, a derrota do São Paulo foi um presente de aniversário que o Boca me deu!

quinta-feira, setembro 14

Em busca da agulha negra

Quando os presidentes dos Estado pobres são fruto da maioria absoluta da população do país que governam, os desfavorecidos vislumbram uma agulha de esperança em meio ao palheiro de desigualdade.
Na Bolívia, nação de maioria indígena, o presidente indígena vem sacudindo a política externa sul-americana e causando calafrios à boa parte da mídia brasileira. Com isso, um projeto repugnado pelo sistema vem sendo moldado e o talvez mais pobre país do cone sul começa a enxergar uma luz no fim do túnel.
No Brasil, um presidente que não provêm da massa miserável foi o governante por oito anos consecutivos. Estudado, intelectualizado, "estadista", foi ele a agulha? Sei que a desestatização foi grande.
Em 2002, um presidente com a cara dos milhões tomou posse e frustrou boa parte dos eleitores. Não é estudado nem intelectualizado, assim como a imensa maioria. À vista da classe média, pouco fez. À massa, ele é a agulha, pois trouxe a solução de curto prazo.

quarta-feira, setembro 13

WTC e PCC

Não sei se é pecado. Acho que não. Mas também se for, bulhufas. O fato é que determinados acontecimentos da história recente - a queda do World Trade Center em Nova York e o dia dos caos em São Paulo, pra ser mais preciso - me deixam excitados.
As imagens dos aviões se chocando contra as torres gêmeas prendem a minha atenção, me deixam tenso. Fico intrigado. Acho que excitado é a melhor palavra. Não, eu não odeio os americanos a ponto de legitimar a ação do Bin Laden. Afinal, a conta pela política expansionista, imperialista e terrorista adotada pelo Walker Bush não pode ser paga pelos civis americanos, embora muitos deles a apoiem. Assim como os centenas de civis afegãos, iraquianos e palestinos não poderiam ter pago pela atuação dos fundamentalistas de seus países. É claro que as justificativas oficiais tanto para terrorismo de Estado praticado por um quanto para o terrorismo tradicional executado pelo outro são falsas. A minha visão sobre as verdadeiras razões dos conflitos entre ocidente e oriente estão mais ou menos explicadas aqui.
Lembro que na época do 11 de setembro de 2001 surgiu a hipótese de que os ataques teriam sido encomendados pelo próprio Bush, pois assim ele teria legitimidade para comandar as invasões no Oriente Médio. É óbvio que a insanidade do cowboy não chegaria a tanto, mas os ataques às torres legitimaram, pelo menos para a maioria do povo americano, não pra mim nem pra você, a mortandade no Afeganistão.
Dia 29 de setembro estréia nos cinemas brasileiros o filme "As Torres Gêmeas", de Oliver Stone. Pelo que podemos ver no trailler, vai ser mais uma daquelas babações americanas que exaltam o patriotismo e os "heróis" mortos, como se as vidas das quase quatro mil vítimas do Bin Laden valessem mais do que as das milhares de vítimas diárias do Bush no Oriente Médio.
No Brasil, o dia em que o PCC deixou em pânico boa parte dos dez milhões de habitantes de São Paulo também me excitou. Novamente, não sei explicar ao certo o por quê.
Acho que a explicação mais próxima para a minha agitação em relação aos dois casos seja, talvez, a confusão que tudo isso causa na cabeça das pessoas, os questinamentos, o medo, a expectativa por uma nova ação, a mudança na rotina, a insegurança...
Foram dias diferentes, pena que trágicos.

quinta-feira, setembro 7

Um dia na Europa. No Brasil

Dizem que Campos do Jordão é a "Suiça Brasileira", "a mais européia das cidades paulistas" - bordões que, inclusive, eu já usei em algumas matérias. Quando estive pela primeira vez, em maio restrasado, achei tudo muito bacana, tudo muito legal. Agora, a trabalho, mudei um pouco de opinião.
Eu não sei porque toda essa influência européia na cidade. Quer dizer, fiquei sabendo agora: o motorista me disse que é por causa do clima, da localização em meio às montanhas. Deve ser. Mas daí à cidade não criar uma identidade própria e adotar um aspecto europeu, eu já não acho muito legal. Isso a torna artificial. Será que existe no Velho Continente uma cidade que se propõe a ser sul-americana?
Campos do Jordão parece uma cidade montada, como se fosse um brinquedo, daqueles que você tira da caixa, lê as instruções no papelzinho que vem junto e começa a montar. A imposição de tornar européia a arquitetura do município faz com que algumas casas e portais pareçam de plástico.
Por outro lado, Campos tem aspectos bem interessantes: organização, limpeza, bons hotéis e restaurantes. A harmonia com a natureza também é bem bacana. De acordo com o guia, é proibido desmatar para construir. Os imóveis só podem ser erguidos nas partes "peladas" dos morros. Até onde isso é respeitado, eu já não sei.

quarta-feira, agosto 30

Sim

"Não é preciso espremer as meninges para entender que a democracia é inviável em um país tão desigual, onde o povo traz no lombo a marca do chicote da escravidão e a mídia se empenha compactamente para entorpecer os espíritos e obnubilar as consciências. E a democracia é inviável onde não há partidos autênticos, e sim clubes recreativos dos donos do poder. Estamos às vésperas das eleições presidenciais e, pelo retrospecto dos últimos anos, já sabemos ser tolice esperar por mudanças substanciais, ganhem gregos ou troianos."

Mino Carta

terça-feira, agosto 29

Quem tem fome tem pressa

Acredito que as medidas capazes de solucionar alguns de nossos principais problemas sociais deveriam vir a curto e longo prazo. Violência, por exemplo: a utopia de vê-la praticamente exterminada só seria atingida após um longo processo de investimento na educação. Só a boa e acessível educação poderia fazer com que as futuras gerações não decidam pela tentadora opção do crime. Somente ela tornaria desnecessária a construção de novos presídios, o aumento de policiais nas ruas, a melhoria no armamento, o investimento em inteligência e outras tantas ações de curto prazo que atualmente se fazem necessárias.
Esta mesma educação poderia fazer com que, lá na frente, as futuras gerações não precisem de importantes ações de curto prazo como o bolsa-família, que possibilita o acesso imediato de muitos às necessidades básicas.
O problema é o uso que se faz de todas essas ações instantâneas. Mas essa é uma outra discussão. O fato é que, se medidas de longo prazo não forem tomadas, teremos que continuar construindo presídios, aumentando o número de policiais nas ruas, melhorando armamento, fornecendo bolsas-famílias, etc, etc, etc.

sexta-feira, agosto 18

Só faltam dois!

Certa vez, um colombiano me perguntou se eu conhecia a Amazônia, Foz do Iguaçu e o Rio de Janeiro, três dos principais cartões-postais do Brasil. Me senti um tanto constrangido com a minha negativa. Afinal, estes são lugares que todos deveriam conhecer um dia, principalmente nós, brasileiros. Não à toa, muita gente pisa nas terras verde-e-amarelas afim de conhecê-los. À toa, muitos brasileiros desembarcam pelo mundo sem nunca tê-los visto.
Eis que nesse fim de semana eu estive no Rio e vi que a cidade é bacana mesmo: ruas arborizadas, bairros interessantes, gente bem humorada e assim por diante. O almoço seguido de fim de tarde no Arpuador foi show de bola.
Falando em bola, o jogo do Flamengo no Maraca contra a Ponte decepcionou pela qualidade, mas a tradição do maior do mundo sempre valerá o passeio. Interessante dizer que, mesmo com apenas 18 mil pessoas no estádio, a principal torcida organizada do mengão fez um barulho razoável, já que a cobertura do Maracanã meio que não deixa o som se perder no ar, ao contrário do que acontece no Morumbi. Só pra constar: eu já havia estado no Maracanã um vez, em 2002, na semi-final do Brasileiro. Dez mil corintianos lá. Perdemos de um a zero com gol de Romário e com pênalti perdido pelo pançudo do Guilherme!
Calçadas e areia sujas, a praia de Copacabana foi a única decepção da viagem. Me pareceu decadente. Na segunda-feira de manhã, dia em fomos embora, um português foi morto a facadas lá, por um cara que queria roubar a mochila dele. E pensar que, em Copacabana, eu andei o tempo todo com a minha mochilinha de paulista nas costas.
O saldo foi bem positivo, voltarei quando puder!








Almoçar olhando pra isso... Sou mais um churrasquinho grego na Sé.

quarta-feira, agosto 9

A aula de Bush*

O presidente americano George Bush, querendo aumentar sua popularidade, vai a uma escolinha explicar sua plataforma de governo. Pede, então, para que as crianças façam perguntas. O pequeno Bob levanta a mão:

- Presidente, tenho três perguntas:

1. Por que o senhor, mesmo perdendo nas urnas, ganhou a eleição?
2. Por que o senhor atacou o Iraque sem motivos?
3. O senhor não acha que a bomba de Hiroshima foi o maior ataque terrorista da história?

Nesse momento, soa a campainha do recreio, e todos os alunos saem da sala. Na volta, Bush mais uma vez convida as crianças a perguntarem, e Joey levanta a mão:

- Tenho cinco perguntas:

1. Por que o senhor, mesmo perdendo nas urnas, ganhou a eleição?
2. Por que o senhor atacou o Iraque sem motivos?
3. O senhor não acha que a bomba de Hiroshima foi o maior ataque terrorista da história?
4. Por que o sinal do recreio soou 20 minutos mais cedo?
5. Cadê o Bob?















* Fábio Toneli

sexta-feira, agosto 4

The israeli

É verdade, três textos falando da guerra no Líbano é muita coisa. Se bem que dependendo do que continuar acontecendo por lá outros poderão vir.

Iddo é um israelense que eu conheci em Corumbá, Mato Grosso do Sul, na viagem que fiz em maio pra cobrir o Festival América do Sul. Foram sete dias de convivência e muita coisa aprendida.

- Em Israel os jovens passam três anos no exército, mas recebem uma espécie de salário todo mês. A maioria guarda esse dinheiro e ao término do período viaja por aí - me disse.

Antes de chegar a Corumbá, Iddo já tinha conhecido umas duas ou três cidades da Argentina. Veio pro Pantanal e, antes do Festival, passou uma semana no meio da floresta, na companhia de outras dez pessoas, a maioria gringos, sem energia elétrica, sem repelente, tomando banho de rio, dormindo em redes... Esquema mais roots impossível!

- E esse cabelão? - brinquei certa vez, me referindo ao cabelo cacheado dele, razoavelmente comprido.

- Eu não vou cortar tão cedo porque cabelo curto me lembra o exército.

Em uma outra ocasião falamos sobre o tempo, e ele me disse que não usa relógio porque relógio o remete a regras, e regras lembram o exército.

Esta semana nos encontramos no msn.

- E aí, amigo! Como está?- iniciei a conversa no meu inglês bem razoável.

- Hola, amigo. Eu estou em Cuzco, Peru. Farei uma caminhada de cinco dias chamada "Salkantay" que termina em Machu Pichu. Te mandarei as fotos.

- Pô, legal! E do Peru você vai pra onde?

- Vou pro Equador, Galápagos, depois entro no Amazônia e parto para Manaus e Belém - só pra constar: antes do Peru ele passou pela Bolívia,onde conheceu praticamente todo o país.

Aí, a minha curiosidade jornalística entrou em ação e eu toquei num assunto um tanto delicado.

- Hey, você tem visto a guerra entre Israel e o Hezbollah? - perguntei.

- Ya, not nice.

- Triste, mas isso não importa tanto pra você agora, já que está bem longe do conflito - disse o cabeça de bagre aqui.

- Nem tanto. Eu só espero que ninguem que eu conheça seja ferido. Mas uma pessoa conhecida já morreu em um acidente de helicóptero.

Essa pessoa não era uma tão próxima a ele, embora os dois tivessem estudado juntos na escola. Enquanto isso, eu ficava cada vez mais curioso.

- Sua família e amigos próximos estão perto ou até mesmo lutando na guerra?

- Não, nós estamos no centro do país, não no norte ou no sul.

- Existe a possbilidade de você ser convocado pelo exército quando voltar pra lá?

- Naaaa, eu não acredito, eles têm que me dar "a year off". Apenas me chamariam se houvesse uma guerra muito grande.

E é o que está acontecendo, principalmente para Israel. Há uns dois dias, o exército convocou 15 mil reservistas que se juntarão às tropas no Líbano.

- Eu saberei disso (se será convocado) quando voltar pra casa, em janeiro - disse ele.

- Me desculpe por falar de guerra com você, é que eu sou um curioso de primeira.

- I dont mind.

Iddo ecreveu um livro sobre a viagem pela América do Sul e está terminando um segundo, ambos em hebraico.

São por essas e outras que a gente vê que os verdadeiros filhos da puta numa guerra são aqueles caras que estão lá em cima, comandando, mandando os filhos dos outros pra batalha, e não o povo do país opressor ou até mesmo seus soldados, que muitas vezes não compartilham da causa lutada. O Iddo é um jovem como eu, como você, que ficou confinado durante três anos da juventude no exército e agora só quer saber de viver. E pensar que muitos dos caras que lutam, matam e morrem numa guerra são pessoas como ele...











São só dois os gringos: Lily e Iddo

terça-feira, agosto 1

No Líbano...

O site War on Lebanon foi criado por três libaneses atualmente no Catar. Vale a pena conferir as fotos e os pontos de vista expressos.

segunda-feira, julho 31

Os terroristas

Aprendi que os atentados terroristas são caracterizados, principalmente, pelo grande número de civis mortos, pela imprevisibilidade (eles podem ocorrer em Nova York, Londres, Madri ou no vilarejo de Qana) e pela espetacularização proporcionada pela mídia. Assim ocorreu no 11 de setembro, nos ônibus da capital inglesa e nos trens espanhóis.
Hoje, no sul do Líbano, o exército israelense matou 37 crianças, 16 mulheres e três homens, no pior e mais covarde bombardeio desde que tiveram início os conflitos entre Israel e o Hezbollah, em 12 de julho. De lá para cá, aliás, cerca de 500 pessoas foram mortas - 450 eram civis libaneses. Logo, se as ações do exército de Israel são legítimas, o meu conceito de atentado terrorista não tem qualquer fundamento.

quarta-feira, julho 26

O lado bom

Fazer um caderno de turismo pela internet também tem lá as suas vantagens. Claro, não há nada melhor para a matéria do que a presença física do repórter no lugar, explorando-o, observando-o sensível e atentamente, com aqueles olhos de águia que a terra um dia há de comer.
Digo isso porque a matéria de capa do Viajar desta semana será sobre Amsterdã, cidade que serviu de palco para as gravações dos primeiros capítulos da nova novela da Globo - vale lembrar que a TV do sr. Marinho é a mãe do Diário. Como o jornal não me mandou pra lá, fui eu mergulhar na internet a fim de procurar aquilo que a "Veneza do Norte" tem de mais interessante, pra poder descrever na matéria. E como tem coisa bacana naquela lugar!
O que mais me chamou a atenção e o que me motivou a escrever estas mal traçadas foi a Casa de Anne Frank. Assim como eu, você já deve ter ouvido falar desse nome. Você, inclusive, pessoa culta e inteligente que é, ao contrário de mim, já deve até ter lido o livro/diário de Anne. Pois se você, assim como eu, apenas ouviu falar mas não sabe do que se trata, vai um resuminho da história, pesquisado durante o meu turismo virtual.
Anne Frank foi uma jovem alemã, filha de judeus, que se mudou pra Amsterdã durante a Segunda Guerra. Perseguida pelos nazistas, a família rumou à Holanda por ser este um país um pouco mais tranquilo para os padrões da época, numa Europa presa às atrocidades comandadas por Hitler. Em 1942, porém, Anne, os pais, a irmã e mais quatro empregados da família foram obrigados a se esconder no sótão da casa, num cômodo secreto, para não serem entregues aos nazistas. Permaneceram lá durante dois longos anos, sem poder sair para a rua, sem ver a luz do sol, correndo o risco de a qualquer momento serem descobertos e mandados aos cães do Führer.
Durante o período de clausura, Anne, então com 13 anos, escreveu um diário onde registrou o cotidiano no terraço, transcreveu algumas das informações que vinham de fora, numa cidade bombardeada, e falou de sua relação consigo mesma e com as pessoas ao seu redor. Em 1944 eles foram descobertos, entregues à polícia e levados ao campo de concentração de Auschwitz. Anne morreu um ano depois, vítima de tifo. Seu pai sobreviveu, e, em 1947, publicou o diário da garota, que foi traduzido para mais de 70 idiomas e é um dos livros mais lidos no mundo.
Atualmente, a casa que serviu de esconderijo para Anne, no centro de Amsterdã, virou um museu, onde estão expostos o diário original da jovem, a estante falsa que servia de passagem para o sótão e outros objetos pessoais da família.
Tá vendo como fazer caderno de turismo pela internet também é bom? Não só vou ler o livro como vou visitar a Casa de Anne Frank. Já combinei com a Mari. Vamos?

segunda-feira, julho 3

Derrotas do cotidiano

São tantas as coisas que eu poderia dizer a respeito da derrota do Brasil na Copa que eu começo a escrever este texto sem saber ao certo por qual delas começar. Poderia, como grande parte dos brasileiros e das mesas redondas, iniciar a famosa "caça às bruxas" e levar à baixo os jogadores supostamente culpados pelo fiasco.
O que eu acredito, porém, é que tudo na existência possui lados positivos, até mesmo aquelas coisas aparentemente terríveis. E lados ruins também, diga-se de passagem. O lado bom da derrota diante da França, futebolisticamente falando, é que ela nos mostrou que existem seleções melhores que a nossa e jogadores melhores que os nossos. Ou vamos continuar adotando o discurso de que seremos os melhores sempre, de que derrotas como a de ontem são meros acasos? O pior é que, mesmo depois da palestra sobre futebol ministrada pela França, muito brasileiro vai continuar achando que ainda ditamos as regras no mundo da bola...
O que deve ser dito é que nós precisamos mudar a mentalidade quando o assunto é futebol. Precisamos desfanatizar os fanáticos (eu sou um deles), ou levar um pouco mais de racionalidade a eles. Eu já ouvir dizer que, na Argentina, o mesmo bumbo que ecoa na Bombonera, estádio do Boca Juniors, casa do fanatismo, também soa na frente da Casa Rosada. Porra, o título do Brasil no mundial não iria aumentar o nosso salário, não iria fazer baixar o preço do bilhete de metrô, não iria diminuir a carga horária de quem trabalha doze horas por dia dirigindo caminhão de cana, não iria despoluir o rio Tietê, não iria prender o Marcos Valério, não iria instalar bloqueadores de celular nas penitenciárias, não iria diminuir o preço da cerveja, não iria educar aqueles que jogam lixo no chão, não iria acabar com as queimadas na Amazônia e nem evitar os congestionamentos das 8h da manhã na 23 de maio.
Seria muito bom ganhar, mas perder não é de todo ruim. Tenhamos certeza disso!









"Robinho, alguma dúvida?",
questionou o palestrante Zizu
após os 90 minutos da apresentação.

sexta-feira, junho 30

Consciência


Puts, acho que agora, ainda mais, eu passei a concordar com aquela frase que diz que "conhecer o passado é fundamental para se entender o presente". Talvez a frase não seja bem esta; acho até que não é; mas se realmente não for, ela tem este significado. Digo isso porque acabei de assistir ao quinto e último episódio do documentário "Histórias do Poder - 100 Anos de Política no Brasil", exibido pelo programa DOC Brasil, da TV Cultura.
O trabalho todo consiste no registro histórico da política brasileira, contado por meio de 70 entrevistas concedidas, basicamente, por seus mais importantes personagens nas últimas décadas. Pessoas como os presidentes José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique e Lula, seus principais ministros e secretários, o arquiteto Oscar Niemeyer, o jornalista Mino Carta, a atriz Fenanda Montenegro, dentre outros.
Diversos foram os temas que me fizeram pensar, refletir. Acho que a principal constatação, uma coisa clara, mas que muitas vezes nós não nos damos conta, é a de que as atitudes tomadas por aqueles caras que estão lá longe, em Brasília - aqueles caras que a gente só vê na tevê e nos jornais, que nos parecem tão distantes, que possuem um poder tremendo nas mãos, concedido pelo meu voto e pelo seu - afetam diretamente as nossas vidas. É um clichê, eu sei, mas é a mais pura verdade.
Gostaria de escrever um pouco daquilo que aprendi e pude concluir assistindo ao documentário. Escrever sobre a inflação (de onde veio, porque ocorre, que males ela traz, como os governos tentaram segurá-la, o preço que pagaram por isso, etc), sobre a cultura do voto nulo (a quem não interessa este tipo de manisfestação, a quase inexistência desta cultura no Brasil), sobre a dívida externa brasileira (como começou, como se agravou, suas consequências para o povo), mas já são 3h05 da madrugada e eu preciso dormir. Quem sabe não escrevo sobre tudo isto mais pra frente?
Porém, ficam aqui a sugestão do documentário "Histórias do Poder - 100 Anos de Política no Brasil" e a esperança simplistamente descrita de que todos, um dia, compreendam que somente a informação, o conhecimento histórico e a mudança de consciência poderão mudar o mundo.

quarta-feira, junho 28

Atrasado


A idéia é escrever sobre Copa do Mundo. Mas, como eu deixei pra falar sobre ela apenas agora, passado quase metade do torneio, os assuntos se acumularam e não daria pra falar sobre todos eles. O jeito é escolher um e escrever, ou tentar resumir tudo o que aconteceu até o momento. Vamos ver o que acontece!

Impressões iniciais

Os dois primeiros jogos do Brasil na Copa foram bem chatos de se assistir. Se foi chato pra nós, brasileiros, imagine pros milhões que pelo mundo acompanharam as partidas. Não que isso tenha muita importância, é só uma curiosidade. Pois bem, voltando, quais serão os motivos que tornaram estes jogos tão sonolentos?
A opinião quase que unânime é a de que o Brasil jogou mal, foi lento e ousou pouco. Concordo, mas acredito que a Croácia e a Austrália foram bem, muito bem, e conseguiram anular o Brasil em boa parte das partidas. Nos salvamos graças aos talentos individuais. Os torcedores brasileiros, mal acostumados como são, dizem que o Brasil jogou mal, e não que os outros times foram bem.
Para que jogos fossem legais de se assistir, no entanto, os dois times teriam que vir pra cima do Brasil, como numa luta franca de boxe. Mas vir pra cima significa abrir espaços, e espaços são tudo o que o jogadores brasileiros mais gostam - eles costumam ser letais quando jogam à vontade. Logo, valeria a pena para Croácia e Austrália virem pra cima, tornando o jogo legal para quem está assistindo do sofá de casa, da mesa do bar ou da redação do jornal, colocando em cheque a suas chances de vitória? Claro que não. O melhor estilo de jogo foi o adotado: aquele jogo truncado, jogado lá atrás, na defesa. Os nossos dois primeiros adversários fizeram isso muito bem e dificultaram bastante os jogos.
Veio o Japão e a história foi diferente: os comandados do galinho precisavam da vitória e vieram pra cima. O Parreira Pé-de-Uva colocou meia dúzia de reservas, que entraram babando mais que os cachorros que o Joãzinho matou de cansaço na volta de um 'passeio' à gloriosa Usina Santa Adelaide, e o jogo foi bem melhor. O Ronaldo, que não havia conseguido marcar nos dois primeiros jogos, finalmente desencantou.
Chegaram as oitavas, e o jogo contra Gana, hoje, foi atípico a ponto de quebrar em tese a minha teoria dos 'espaços no campo', levantada no quarto parágrafo. Gana veio pra cima, jogou na ofensiva, abriu espaços. O Brasil jogou atrás, na defensiva. A situação se inverteu. A minha teoria foi quebrada em partes porque o jogo não se tornou mais bonito de se ver por conta da postura ofensiva de Gana. Ela não foi quebrada por inteira porque os nossos jogadores foram letais diante dos espaços abertos pelos ganenses (ganeses?).
E o Femônimo? Agora fica a dúvida: será que ele vai continuar marcando gols, agora contra adversários bem mais tradicionais? Tomara que sim. Já os nossos lateriais, Cafu e Roberto Carlos, não estão sendo nem sombra daquilo que foram em 2002. O Cafu parece que está mais preocupado com os recordes pessoais, embora tenhamos que reconhecer que também estaríamos caso estivéssemos no lugar dele. No banco de reservas aparece o Cicinho, com olho de tigre, como o Rocky Balboa às vésperas da luta com o Apollo Creed.
O Brasil está vencendo, e isso é o que importa. Pra mim, a Copa do Mundo começou agora.

terça-feira, junho 13

De eles

Madrugada de segunda para terça-feira, véspera do primeiro jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo da Alemanha. Entreguei meu TCC hoje depois de ter passado por um período árduo, digamos, mas de muito aprendizado. Afinal, nada acontece por acaso.
Chego de onde estava, ligo a tevê e vejo três entrevistas com três pessoas bem diferentes, em três situaçãoes dissemelhantes abordando três temas distintos: Heloísa Helena falando de política, um gringo especialista em biodiversidade ministrando palestra sobre meio ambiente e uma entrevista com o Ronaldo Fenômeno, falando de suas condições físicas.

Da Senadora Sargentão

Heloísa Helena é uma mulher que, quando mencionada, faz com que venham à cabeça das pessoas imagens de uma mulher sempre brava, briguenta, aparentemente autoritária. Excetuando-se a última característica, Heloísa, acredito, é tudo isso mesmo. Afe, uma mulher, brava daquele jeito... Uma criança que tenha passado pela TV Cultura enquanto zapeava deve ter ficado ressabiada com ela. Eu ficaria. Mas, se tivermos a oportunidade de assistir a um debate que tenha a senadora como participante, veremos que ela é muito mais do que isso.
Rodeada por jornalistas conservadores, Heloísa Helena foi duramente alvejada. No conjunto da obra, porém, saiu-se muito bem e acabou por vencer a batalha, conseguindo o respeito - se ainda não tinha - destes mesmos jornalistas, às vezes de maneira inconsciente para alguns deles. Até porque o discurso pregado por ela é o discurso perfeito, que deixaria em maus lençóis qualquer pessoa que emitisse opinião contrária, e que, se colocado em prática, poria em risco a vida daqueles que se beneficiam da pobreza.
Já cheguei a achá-la oportunista pelas duras críticas que frequentemente faz ao presidente. Mas, tendo a oportunidade de ouvi-la por mais tempo, passei a ver que ela é um bom caminho. Basta que tenhamos coragem de arriscar.

Do Gringo "Biodiversidadecista"

O gringo começou a falar de biodiversidade logo após o término da entrevista com a senadora. Foi durante um palestra gravada, transmitida pela Cultura. As informações passadas por ele eram tão valiosas e suas colocações tão brilhantes que eu fui obrigado a não preparar o meu santo lanchinho de cada dia. Ou melhor, de cada noite. E olha que isso é difícil, viu?
Dentre outras coisas, o gringo disse que nós, vertebrados, somos apenas uma ínfima parcela dos seres vivos do planeta. Somos quase nada quando comparados, por exemplo, às milhões de espécies de microorganismos existentes, muitas delas originadas simultaneamente à gênese do planeta. Microorganismos tão desprezados por nós e tão importantes pra gente. Pra gente, isso mesmo! Afinal, nós vivemos em meio a um ecossistema, e esses microorganismos contribuem para a vida das plantas, seus habitats naturais, que fazem parte do mesmo ecossistema. Plantas que juntas formam florestas. Florestas que emanam ar puro para todo o globo. Ar puro que é essencial para a sobrevivência humana. Humanos que poluimos o ar e destruímos florestas, acabando com o ar puro, com as plantas, com os microorganismos e, num futuro não tão distante, com os próprios humanos.

Do Fenômeno

O Ronaldo Fenômeno é habilidoso tanto dentro quanto fora de campo, e isso é indiscutível. Ele parte pra cima dos adversários com a mesma eficiência com que contra-ataca uma afirmação do Presidente da República. As duas últimas polêmicas envolvendo o jogador dizem respeito às bolhas nos pés e à constante briga com a balança.
Na Copa de 2002, depois de quase dois anos de uma heróica recuperação, Ronaldo voltou a disputar uma Copa do Mundo. Arrebentou. Mas, nos dias que antecederam o antepenúltimo jogo da seleção naquela Copa, começaram a crescer os rumores de que sua contusão, aquela mesma que o havia tirado dos gramados por tanto tempo, o estaria incomodando novamente e ameaçando sua participação no restante da competição. O que fez ele? Cortou o cabelo no melhor estilo Cascão e mudou completamente o foco das atenções. Passou-se a falar apenas do cabelo. A contusão? Essa ficou pra trás.
Em 2006, Ronaldo apresenta-se visivelmente "mais forte" que os demais jogadores, o que ficou claro nos dois últimos amistosos da seleção. Hoje, durante entrevista à Cristiane Pelajo, o Fenômeno pela primeira vez admitiu que não está na sua melhor forma, que está fazendo treinamentos especiais para atingi-la e que não aguentaria jogar os noventa minutos de uma partida. Humm. No jogo contra a Nova Zelândia, ele saiu no final do primeiro tempo alegando estar com terríveis bolhas nos pés. E passou-se a falar apenas das bolhas. A forma física? Essa ninguém fala mais.
Mas Ronaldo é Ronaldo, e o cara é especialista em Copa do Mundo. Que a forma física e as bolhas não o atrapalhem logo mais no jogo de estréia!

sábado, junho 3

A utopia de X-men 3


Mais do que um puta filme de ação, do que uma épica luta entre o "bem" e o "mal" ou, ainda, do que uma tradicional história de amor, X-men 3 é um filme que faz uma grande analogia quanto à geopolítica atual, no que diz respeito aos conflitos militares e ideológicos entre ocidentais e muçulmanos. A tolerância entre os diferentes povos, sua principal mensagem, soa utópica neste mundo cada vez mais contaminado pela ignorância e pela busca do poder.
De um lado, os homens, os "homo sapiens", os americanos, que fazem o papel dos ocidentais. De outro, os mutantes, os muçulmanos, liderados por Magneto, o Osama Bin Laden. A intolerância dos americanos em relação aos mutantes, os diferentes, e o ideal estadunidense de padronização mundial, um padrão baseado na cultura americana, são tamanhos que o governo americano desenvolve um antídoto capaz de curar os mutantes desta "doença" e transformá-los em homo sapiens. Desta forma, estariam eliminadas as diferenças entre as duas raças.
No mundo real, o antídoto estatudidense nada mais é do que o "American Way of Life", a disseminação mundial da cultura americana, da música americana, do cinema americano (o vazio), do fast-food americano, das roupas americanas, do comportamento americano.
Magneto, que passa a imagem de símbolo da resistência mutante, vê na criação deste antídoto uma forma de barganhar cada vez mais "peões" para o seu exército. Um de seus maiores seguidores não à toa recebeu o nome de "Fanático", um mutante extremamente vigoroso fisicamente, mas dotado de um cérebro pouco pensante. Osama Bin Laden, que passa a imagem de símbolo da resistência muçulmana, vê na imposição do American Way of Life uma forma de barganhar cada vez mais peões para seu exército.
Na verdade, o que querem tanto Magneto e os homo sapiens no filme quanto Osama Bin Laden e os americanos na vida real é impor cada um o seu modo de vida, tomando para si o controle do poder. No filme, o meio termo entre os homo sapiens e os mutantes liderados por Magneto é a escola do Professor Xavier, que trabalha para uma convivência harmônica entre mutantes e homo sapiens. O Professor Xavier, aliás, é mais um herói que morreu (será?) sem ter visto o sonho realizado - uma sacada explícita.
Ingênuos aqueles que, a esta altura do campeonato, ainda não se aperceberam quanto ao ideal estadunidense de padronização, executado por meio do American Way of Life. Inocentes aqueles que pensam que Osama Bin Laden e sua Al Qaeda realmente lutam por um ideal muçulmano.
Falta-nos no mundo uma escola como a do Professor Xavier.

domingo, maio 21

O colombiano

A aparência é de uns 60 anos, embora ele não deva ter mais do que 50. Magro, cabelo bagunçado, desdentado, camiseta desbeiçada. Ele nos abordou no aeroporto de Campo Grande perguntando, num espanhol de difícil compreensão, se iríamos à Corumbá. Sim, íriamos, até sabermos que por conta do mau tempo o vôo estava cancelado. Um ônibus nos levaria à "Capital do Pantanal" em uma viagem de aproximadamente seis horas.
O ônibus chegara. Entramos, e as duas jornalistas que estavam comigo logo se acomodaram numa dupla de poltronas. Continuei pelo corredor e me deparei com ele, gesticulando, me convidando a seguir viagem ao seu lado. Antônio, colombiano de Bogotá, é artista plástico e estava indo ao Festival América do Sul para expôr seus trabahos, os mesmos apresentados por ele na Venezuela ao longo de todo o mês de abril. Ele havia pego um avião na capital colombiana, feito uma escala no Panamá e chegado em Cumbica por volta das 4 da manhã, sendo que o vôo para a capital sul-matogrossense estava marcado para pouco depois das 3 da tarde.
Me disse que ficou impressionado com o nascer do sol em São Paulo. A lua descendo, o sol subindo, o friozinho do fim da madrugada. "Uma grande experiência". Vejam só! Segundo ele, o sol na Colômbia é forte o ano todo devido à linha do Equador. Logo, ele desconhecia "o nascer do sol do outono".
Outro fator que chamou a atenção do colombiano, ainda no aerporto de Guarulhos, foi a imensa propaganda da Petrobrás exibindo o logo da auto-suficiência. "Ohhh! Muito bom para o Brasil. A Colômbia já teve muito petróleo no passado, mas as empresas estrangeiras acabaram com ele", me disse. Também por isso ele apóia a nacionalização do gás e do petróleo na Bolívia. "Evo nacionalizou as reservas, não desapropriou a infra-estrutura. Ele é sagaz, mais inteligente do que muita gente pensa. Pela primeira vez a Bolívia tem um indígena no poder".
O ônibus começou a andar e o ar condicionado foi ativado. Eu só de camiseta. Antônio tirou uma malha de sua pequena bolsa - o mesmo lugar onde guardava também toda a quantia de dinheiro que havia trazido para a temporada de sete dias no Brasil, R$ 20 - e me ofereceu.
Ao longo da viagem ele perguntou se eu conhecia o Rio de Janeiro, que ele achava "muy bonito". Eu disse que não. Perguntou se eu conhecia a Amazônia. Eu disse que não. Foz do Iguaçu. Eu disse que não. Ele me disse que, se caso ganhasse algum dinheiro ao longo do festival, iria às cataratas.
Antônio Caro, artista plástico, ministrante de uma oficina de criatividade visual no Festival América do Sul, "el maestro colombiano", como definiu um site venezuelano.

quarta-feira, março 29

Enquanto isso no Brasil...*

Trinta anos depois do golpe militar que vitimou mais de 30 mil pessoas - mortas ou desaparecidas - em apenas sete anos, o governo argentino anunciou que vai tornar público os arquivos secretos da ditadura militar, amargada pelo país entre 1976 e 1983. O objetivo, nas palavras da ministra da defesa argentina, é "garantir o acesso irrestrito à informação sobre os fatos gravíssimos ocorridos em nosso país durante a última ditadura militar".
No Brasil, grande parte dos arquivos da ditadura permanecem às escuras. Em dezembro de 2002, no final de seu mandato, o então presidente Fernando Henrique Cardoso criou um decreto classificando os documentos de quatro formas: "ultra-secretos" (que permaneceriam em segredo por mais 50 anos com possibilidade de renovação indefinida, o "sigilo eterno"), "secreto" (sigilo de 30 anos) "confidencial" (20 anos) e "reservado" (10 anos).
A única medida praticada pelo atual gestão em relação ao decreto de FHC foi a criação de uma nova determinação, que alterou o prazo de sigilo dos arquivos: os "ultra-secretos" passaram a ter tempo determinado de 30 anos, prerrogáveis por mais 30, e os "secretos" 25 anos, renováveis por outros 50.
Pelo andar da carroagem, muitos dos militares que lideraram e conduziram o golpe em 1964 continuarão por aí, recebendo aposentadorias recheadas, comandando ações inconstitucionais nos morros cariocas, fazendo tratos dos mais variados com os traficantes, ganhando dinheiro com eles e pressionando o omisso governo para que o sigilo jamais seja quebrado.
* Idéia do Jogo Aberto.



















www.marciobaraldi.com.br



quinta-feira, março 23

Vou-me embora

O Zé Colméia é um cidadão que eu conheci hoje, na fila pra comprar o ingresso pro show do Jack Johnson. Sim, eu consegui comprar o ingresso! Tudo bem que as meias entradas estavam esgotadas e eu acabei pagando os olhos da cara pela inteira, mas beleza, o contexto do show vai valer a pena.
Pois então, voltando a falar do figura. Estava eu na loja esperando na fila quando vi umas camisetas à venda, colocadas ao meu lado. Bem bacanas, por sinal. Puxei a etiqueta de uma delas e me abismei: R$ 228. Peguei uma outra e... R$ 200. "Cacete, duzentos conto. Que beleza!", pensei alto. Foi quando um cidadão de cabelos cacheados encobrindo as orelhas e chapeuzinho estilo Indiana Jones se virou para mim e disse, com um certo sotaque:
- Você vê, rapaz, que coisa, não?
- Que maravilha, e tem nego que compra - eu retruquei.
- O ingresso também não está dos mais baratos.
- Não vou te mentir não, tá sargadinho.
E nisso o papo foi indo. Falamos do Jack Johnson, da chuva, que estava desabando e congestinando São Paulo naquele momento, e de mais alguns desses assuntos corriqueiros que costumamos falar com as pessoas que conhecemos em filas, sabe?
- E esse sotaque, de onde vem? - perguntei.
- Sou da Pasárgada, conhece?
- Não, mas já ouvi falar. Você conhece o rei de lá?
- Sim, lá sou amigo do rei e tenho a mulher que eu quero. E digo mais: na cama que eu escolho.
- Massa, hein?
Eu nunca tinha conhecido um cara da Pasárgada. Lembro de ter estudado sobre o lugar na minha infância, e até me lembrava de alguns detalhes.
- É verdade que lá têm prostitutas bonitas?
- Sim, e pra gente namorar. Em Pasárgada tem tudo, é outra civilização. Tem um processo seguro de impedir a concepção. Tem telefone automático e tem alcalóide à vontade.
Xiiii, a conversa começava a ficar complexa. Processo de impedir concepção, alcalóide. Que diabos seria um alcalóide? Tive vontade de perguntar, mas o Zé falava da terra dele com tanta empolgação que eu nem quis interrompê-lo. Não aguentei.
- Oh louco, mas por que você saiu de um lugar fera como esse e veio pra São Paulo?
- Vim porque eu queria conhecer de perto essa tal de civilização. Lá na Pasárgada, os jovens estão vindo bastante para a chamada civilização.
- Hum, interessante. Mas e aí, o que você tá achando?
É óbvio que nesta altura da conversa os nossos ingressos já estavam comprados e bem guardados. O papo, bem interessante, afinal, não é sempre que a gente tem a oportunidade de conhecer pessoas de um lugar tão aguçante quanto a Pasárgada.
- Eu to achando bem bacana. É sempre bom conhecer novos lugares, novos povos, novos costumes. Tem muita coisa legal, mas tem muita, muita coisa ruim e injusta na civilização.
A conversa começava a ficar intrigante, e eu cada vez mais curioso. O que será que o Zé Colméia achava ruim e injusto? Eu sei que existe muita ruindade e injustiça por aqui, mas qual seria a visão de um pasargadense?
- Ah, não me leve a mal, meu caro Alex, mas as pessoas aqui são muito prepotentes, têm pouca educação. Não respeitam os semelhantes, tampouco o meio ambiente. Os civilizados são arrogantes ao ponto de se acharem superiores aos animais. Falam que os animais são irracionais, "burros", mas que tipo de racionalidade é essa que é capaz de derrubar florestas inteiras a troco daquilo que vocês chamam de dinheiro? Será que o dinheiro vai poder comprar ar puro quando ele não existir mais? Será que o dinheiro vai poder comprar espécies de animais quando elas só existirem nos casacos das mulheres ricas?
Era verdade, e eu nunca tinha parado pra pensar. Aliás, vocês já repaparam que se tornou habitual ouvirmos na tevê que uma área de floresta equivalente a não sei quantos campos de futebol foi destruída por uma queimada? E a gente nem liga mais. Esses dias li em algum lugar um trecho de uma música do Manu Chao que dizia: "É sempre mais fácil empurrar com a barriga e deixar o abacaxi para os netos. Mas enquanto o mundo continua parolando, o termômetro e a água vão subindo".
- Na Pasárgada eu ando de bicicleta, monto em burro brabo e, de quebra, quando estou cansado, deito no rio e ouço histórias da mãe-d'água.
- Caramba, Zé. Pelo jeito você nunca fica triste lá...
- Fico, mas quando fico triste de não ter jeito, quando tenho vontade de me matar, eu lembro que sou amigo do rei e que tenho a mulher que eu quero. E o melhor: na cama que eu escolho.
Iremos juntos ao show do Jack Johnson. Eu com a Mari e ele com a ursa.

sexta-feira, março 10

Os militares estão do nosso lado


Um dos assuntos do momento no Brasil é a ação nos morros cariocas promovida pelo exército, que teve dez fuzis e uma pistola roubados por traficantes há alguns dias. Tiroteios, pessoas chorando, moradores mortos, as imagens não são novas. A novidade, agora, tem relação com a ocupação do exército nas favelas. Estariam ocorrendo arbitrariedades? Poderiam os militares revistar e interrogar pessoas, atribuições das polícias civil e militar, e, mais ainda, invadir casas desprovidos de mandados judiciais? Por conta destas ações, o Ministério Público Federal entrou com ação para que a justiça suspenda as operações.
A polêmica é tamanha que o portal Terra abriu um espaço em seu site para que os internautas coloquem ali suas opiniões a respeito do assunto. Li aproximamente 20 postagens, todas fervorosamente favoráveis à ocupação do exército. As argumentações são basicamente duas: se a polícia não consegue eliminar o tráfico, que o exército o faça, e continuem com as ocupações. Os procuradores da República que entraram com a ação na justiça têm ligação com os traficantes, dizem alguns. Vai saber.
O fato é que o exército está violando a lei, e se a lei não está sendo obedecida, algo tem que ser feito. Ou continuaremos vivendo em um país onde os dominantes deitam e rolam sem qualquer pudor. É inocência pensar que os militares estão nas favelas para combater o tráfico. Arrogantes como são, eles querem dar uma lição aos meros mortais que ousaram roubar algo de seu patrimônio. Em nenhum momento eles estão pensando em eliminar os traficantes para melhorar a vida da população. Esses militares são aqueles mesmos que, na década de 60, golpearam o Estado e proclamaram a ditadura, período marcado por torturas, mortes, perseguições e censura.
Perguntei para um colega jornalista do Diário, carioca, o que ele achava de tudo isso. A opinião dele é bem parecida com a minha: a luta contra o tráfico, aquilo que a população ingenuinamente acha que o exército está fazendo, começará a ser vencida quando a comercialização das drogas for legalizada. O uso de entorpecentes só cresce ao redor do mundo. Logo, a batalha contra o tráfico é infindável. Como bem disse o meu colega, o consumo irrestrito só será vencido por meio da informação, e não através de tiros, gritos, força e ocupações ilegais. As drogas mais consumidas no mundo, anfetamina e álcool, estão aí, nas farmácias, bares, supermercados. Estão em cada esquina.

quarta-feira, março 1

Vem de outros carnavais

Eu nunca fui muito fã de carnaval. Na verdade, até este ano, o carnaval era esperado por mim apenas por ser esta uma data em que todos os meus amigos se dispõem a viajar - coisa difícil de acontecer pro pessoal lá de Dois Córregos. Apenas agora, em 2006, é que eu fui me atentar um pouco mais quanto aos diversos carnavais que ocorrem pelo Brasil. Como tive que trabalhar, vi bastante coisa pela tevê e li alguma coisa nos jornais. Mas o que me levou a escrever este texto foram algumas reflexões, nem tão refletidas assim, a respeito dos carnavais de avenida do Rio e de São Paulo.
Posso estar falando besteira e aqueles que gostam dos carnavais no Sambódromo do Anhembi podem querer me bater, mas eu acho o carnaval de São Paulo muito sem graça. Na minha opinião, carnaval de avenida não combina com o paulistano, não combina com o clima hostil da cidade. A cidade que, aliás, fica vazia. O rio Tietê ali do lado também mata.
Já o carnaval da Sapucaí tem muito mais energia, vibração. Carnaval tem tudo a ver com carioca. Ao contrário das escolas de samba de São Paulo, as cariocas têm muito mais tradição. Salgueiro, Mangueira, Mocidade têm muito mais peso que Vai-Vai, Gaviões da Fiel e Rosas de Ouro. O sambódromo carioca tem muito mais energia, gente e alegria. Os puxadores das escolas têm um timbre muito mais forte, são muito mais cativantes e contagiantes.
Neste quesito, São Paulo perde feio.

terça-feira, fevereiro 21

Impressões

Eles mataram um urso polar em plena floresta tropical; o caixão em que estava o pai do Jack foi encontrado aberto, vazio, e, alguns dias antes, o cara teve várias visões do velho, até então morto; a bússola não funciona corretamente; o sol não nasce nem se põe na direção em que deveria se levantar e se deitar.
Uma situação que eu acho muito louca no Lost, e que pra mim soa até como charada, é que as pessoas não morrem naquela ilha. Quer dizer, o policial que veio algemado com a "sardenta" morreu, foi enterrado e até exumado. Mas reparem: o hobbit foi encontrado enforcado, amarrado há alguns metros do chão, todo roxo, e sobreviveu. A loirinha apareceu esfacelada nas pedras, sangrando horrores, mas não morreu.
Mais: nos primeiros capítulos, o Locke "achou" o cachorro labrador do negrinho. Alguns episódios depois, "achou" o violão do hobbit, e disse algo do tipo: "quando a gente quer muito uma coisa, ela aparece".
E a bússola quebrada, lembram? Era do Locke, que a deu pro iraquiano. Será que ele fez isso por acaso? "Ele (Sayid) é inteligente, não o faça inimigo. Ele pode nos ajudar bastante, se vier pro nosso lado", mais ou menos isso, o Locke disse pro "irmão" da loirinha. Esse garoto, aliás, foi deixado pelo Locke amarrado, sozinho, entregue aos "seres" da ilha. O velho disse que o cara ainda o agradeceria por isso.
Depois de ter conseguido se desamarrar, de ter visto o "ser" e de ter encontrado a irmã morta, o rapaz parte pra cima do Locke, que o faz refletir e perceber que ele estava "aliviado", livre dos sentimentos que tanto o faziam sofrer. Ele agradece.
Em uma das últimas cenas do episódio de segunda-feira, dia 20, enquanto o Locke e o "irmão" da loirinha, já liberto, voltam para a floresta, a câmera vai para o iraquiano e a lorinha, que conversavam algo sobre água e comida. É legal pensar no porquê das cenas.
Agora, ficam as incógnitas: quem era o Ethan, o que aconteceu com a grávida, qual a história da francesa, o que é aquela fuselagem descoberta pelo Locke e pelo "irmão" da loirinha e o qual o significado do ser que perseguiu o casal de "irmãos".
Pouco a pouco, a cada pequeno detalhe, elas vão sendo reveladas.
Massa!

Ah, ia me esquecendo: antes da queda do avião, o Locke era paralítico...................